martedì 14 dicembre 2021

III° Domingo do tempo comum/C

 



(Ne 8, 2-6.8-10; Sal 19; 1 Cor 12, 12-30; Lc 1,1-4;4,14-21)

 

 

Paolo Cugini

 

1.Jesus voltou para a Galiléia com a força do Espírito e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. Ele ensinava nas sinagogas e todos o elogiavam” (Lc 4,14).

 

No começo deste ano litúrgico a liturgia da Palavra está nos propondo os primeiros passos da ação evangelizadora de Jesus. E, assim, o encontramos hoje pregando nas sinagogas da Galiléia provocando a admiração do povo. Elogios que já de antemão sabemos que não surtiram nenhum efeito, mas, pelo contrario, provocaram a raiva dos fariseus e dos chefes religiosos do tempo. Isso para nós é já uma indicação importante: a Palavra de Deus que Jesus pronunciou, não serve para provocar a nossa admiração, mas a nossa conversão, a mudança das nossas atitudes humanas. Também porque a Palavra de Deus não tem como objetivo golpear os nossos sentidos carnais, mas a nossa alma.

É de fato, uma Palavra cuja essência não é aquela de ficar em superfície, mas, pelo contrario de “penetrar até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração” (Hb 4, 12).

 A Palavra é vida, é a vida eterna por aqueles que a acolhem. É por isso que os fariseus procuravam matar Jesus: “porque a minha Palavra não penetrou em vós” (Jo 8, 37).

 Jesus é a luz verdadeira que ilumina todo homem, é a luz que brilha nas trevas, mas as trevas não a acolheram (Cf. Jo 1, 1-14).  Mais uma vez, não basta ficarmos entusiasmados para aquilo que sentimos numa celebração, num momento litúrgico, numa missa o numa outra experiência religiosa: aquilo que conta é abrir espaço para que Jesus entre na nossa vida. O objetivo de Jesus não é produzir uma empolgação nos ouvintes, mas o desejo de segui-lo, de mudar de vida. De fato o Evangelho de hoje encerra com este versículo deslumbrante:

 “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir” (Lc 4,21).

 Jesus se apresenta como o cumprimento da Escritura, quer dizer que a Palavra de Deus não é uma letra morta, mas uma pessoa viva, um estilo de vida, um jeito de ser, de viver, de amar: a Palavra de Deus é o mesmo Jesus. É o seu estilo que deve penetrar dentro de nós, para moldar a nossa existência e assumir a forma de Cristo, a Palavra que se fez carne, que se manifestou e veio a morar no meio de nós.

 

2. O problema, então, é o seguinte: como isso pode acontecer? O que precisa para o homem, a mulher acolher a Palavra de Deus? Quais são as condições necessárias para que a Palavra de Deus não fique na superfície da nossa vida, mas penetre na nossa alma?

 

Esdras fez a leitura do livro, desde o amanhecer até o meio dia, na presença dos homens, das mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. E todo o povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei” (Ne 8, 3).

 

São duas as características necessárias para a Palavra de Deus entrar na vida de uma pessoa: a possibilidade de compreender e a atenção.

Compreender, neste contexto, não se refere às capacidades humanas, a inteligência humana, mas ao desejo de entender o caminho de Deus, a sua vontade. Tarefa da Igreja, nessa altura, é criar as condições para que a leitura da Palavra possa ser compreendida. Jesus mesmo um dia falou que não podemos jogar as perolas aos porcos, ou seja, não podemos pregar a Palavra de Deus num contexto aonde o povo não está predisposto ao entendimento. Em segundo lugar, para que a Palavra de Deus penetre nas almas dos fieis, precisa de atenção, ou seja, do esforço de limpar a própria vida de qualquer coisa que possa atrapalhar o entendimento daquilo que estamos escutando. Uma pessoa que anda distraída não irá sem duvida nenhuma criar espaço na sua alma para a Palavra de Deus entrar.

3. Quais são os primeiros frutos da Palavra de Deus quando penetra na alma da pessoa?

Não fiquei tristes nem choreis, pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da lei... Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força” (Ne 8, 9.10).

 

Em primeiro lugar quando a Palavra encontra espaço na vida das pessoas, provoca o choro. A Palavra descortina as trevas, o amor de Deus desvende o ódio escondido na nossa alma, a gratidão de deus manifesta o nosso egoísmo. Não existe pessoa tão dura de coração que possa agüentar a verdade da Palavra de Deus. É o choro de Pedro na noite da morte de Jesus, quando o Mestre o olhou depois de Pedro ter renegado Jesus por três vezes. Aquele olhar fez Pedro desmoronar, sentiu o mesmo olhar de Deus dentro de si. Ou, também, o choro da mulher adultera aos pés de Jesus: ninguém agüenta a santidade de Deus. Este é o primeiro fruto da Luz que esbanja a Palavra de Deus: tomar consciência da tristeza da minha vida mergulhada no pecado. Só que não podemos apenas ficar chorando o tempo todo. É por isso que ao mesmo tempo A Palavra de Deus deve suscitar em nós o sorriso, a alegria. Deus, de fato, com Jesus, a Palavra viva, nos mostra uma saída, uma chance de uma vida nova, uma possibilidade concreta de viver buscando antes de tudo o Reino de Deus e a sua Justiça (Cf. Mt 6,22-32). Quem não vislumbra na Palavra um caminho diferente de vida, uma possibilidade de sair concretamente da multidão anônima para uma vida mais autentica, não chorou  ainda com sinceridade sobre a própria condição, ou seja, não tomou ainda claramente consciência da própria situação de pecado e de que forma este estrague a vida.

 

Que a Palavra de Deus possa ser a nossa verdadeira e única esperança.

 

 

Tapiramutá.                                                                                               Pe Paolo Cugini

 

 

 

 

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