martedì 14 dicembre 2021

DOMINGO XXIII/C

 



(Sab 9, 13-18; Sal 90; Filêmon 9-10.12-17; Lc 14, 25-33)

 

Paolo Cugini

1.Ensinai-nos a contar os nossos dias e daí ao nosso coração sabedoria!” (Sal 90).

Este versículo do salmo 90 nos ajuda bastante a entrar na liturgia da Palavra de hoje. É de fato, um versículo que chama a nossa atenção sobre a realidade da nossa vida que é uma e corremos o risco de desperdiçá-la. Aprender a contar os dias da nossa vida significa, então, aprender a viver a vida como um projeto, como um caminho único com uma meta bem definida. Por isso o salmista pede sabedoria, para que ao longo da vida o caminho possa manter-se firme, para não desviar nem à direita nem à esquerda. E é isso mesmo que também nós queremos pela nossa vida: chegar ao final dos dias da nossa vida para agradecermos a Deus de termos conseguido viver fieis ao projeto ao qual Ele nos chamou. No começo desta reflexão, então, nos perguntamos: como é possível uma vida fiel á vocação que Deus nos confiou?

 

2.Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até de sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 26).

O que Jesus quis dizer com estas palavras duríssimas e quase incompreensíveis?  Será que Ele não exagerou? E, a final de conta, é mais importante ser discípulo que amar a minha mãe? Não é demais isso?

Na realidade o discurso que Jesus hoje puxa no Evangelho é extremamente profundo. Discípulo é uma pessoa que caminha atrás de Jesus, ou seja, é uma pessoa que entendeu que a vida, o amor, tudo encontra-se nele: não existe no mundo todo alguém que possa oferecer aquilo que Jesus oferece. Por isso alguém se coloca em movimento para buscar aquilo que não foi encontrado em lugar nenhum. De fato, se é verdade que minha mãe me deu a vida e que ela merece por isso todo o nosso carinho, é também verdade que ela mesma não pode nos proporcionar uma vida eterna. Assim também é verdade que o amor de uma mulher é algo de sublime, incomparável, mas é também verdade que nunca o amor humano é puro: fica sempre algo de egoístico, de interesseiro que ao longo dos anos emerge e provoca desavenças. Também nas historias de amor mais deslumbrantes existe algo que deve ser purificado para que a confiança possa se tornar total. O problema, então, é entrar em mi mesmo para mi perguntar: eu quero o que? Quero a vida verdadeira, o amor verdadeiro? Então somente Jesus pode me oferecer isso: levanta-te e caminha! Desapega-te dos amores terrenos e anda atrás do Senhor, para que seja Ele a transformar o egoísmo em amor, a desconfiança em confiança.

 

3.Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 27).

Somente quem se desapega dos afetos terrenos e se decide com firmeza a caminhar atrás de Jesus descobre um dos maiores mistérios da humanidade: o amor é sofrimento. O símbolo maior do amor é a cruz de Cristo: porque? Qual foi o sentido da Cruz? A cruz é o símbolo do amor extremo, impossível, sobre-humano, divino. A cruz é o símbolo do amor espantoso do homem-Deus de nome Jesus, que não fugiu perante as ameaças da morte. A Cruz é o símbolo do amor de Jesus, que não lançou a esponja perante a traição daquele que Ele amava, os seus discípulos, mas decidiu enfrentar a humilhação e ir até o fim. Nunca teve na historia da humanidade decisão tão sofrida. Amor não é identificável com algo de espontâneo, da forma que o mundo passa, mas sim decisão continuamente renovada. Amor não se identifica com uma paixão do momento, mas é fidelidade extrema, ao projeto que um dia foi vislumbrado como único e não repetível. Além do mais, ninguém consegue carregar a sua cruz, vivendo com fidelidade a própria vocação se não tiver a humildade de se colocar sempre e continuamente atrás do Senhor. A vida, neste sentido, é uma continua caminhada de aprendizagem. Quem se acha o tal, quem acha de ter já entendido tudo sobre a vida de fé, é destinado a quebrar a cara. A vocação seja ela qual for, o matrimonio ou a vida consagrada, é cruz, sofrimento, morte a si mesmo e ao mundo. É isso que Jesus quis comunicar para os seus discípulos. Se quisermos abastecer a nossa alma do amor que vem de Deus e da vida eterna que só Ele pode oferecer, não existe outro caminho que este. Se Deus é eterno tudo aquilo que Ele produz tem este marco de eternidade, marco que aqui na terra é pago ao preço duríssimo da incompreensão, solidão, perseguição. Por isso é necessário manter os olhos constantemente fitos em Deus, para não ficarmos confundidos com as ilusões que constantemente o mundo nos proporciona. É nessa altura que entra no discurso que estamos realizando mais uma pergunta: o que precisa fazer para mantermos a nossa caminhada firme no Senhor? Como podemos segurar a nossa vocação para nunca cair?

 

4.Com efeito, qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos” (Lc 14, 28).

 

O seguimento a Jesus exige calculo, ou seja, uma constante atitude a pensar, avaliar, refletir sobre as condições de possibilidade da caminhada. Ninguém pode ser tão ingênuo pra pensar de poder seguir á Jesus dentro este mundo devastado do egoísmo, sem abastecer a própria alma e a própria mente de tudo aquilo que Deus nos proporcionou em Cristo. Este sentar-se e calcular os gastos, podemos interpretá-lo como o tempo da juventude, aonde torna-se fundamental passar muito tempo na reflexão para entender e depois se decidir sobre a vocação á qual o Senhor nos chama. É o tempo do namoro, por exemplo, para os jovens que Deus chama á vocação do matrimonio. É o tempo do seminário ou do convento para os jovens que Deus chama á amar na vida consagrada. Este ato, porem, do sentar-se para calcular, ou seja, para avaliar as condições de possibilidade da caminhada, é sem duvida alguma uma atitude que deve acompanhar toda a nossa vida. Ao longo dos anos, de fato, não apenas mudam as condições de vida, mas mudamos também nós mesmos. Por isso torna-se necessário um continuo entrar em si mesmo para atualizar o percurso realizado, renovando as energias, reintegrando dentro da caminhada as experiências positivas e negativas realizadas.

 A vida entendida como caminhada atrás de Jesus é sim cruz, sofrimento, mas é um sofrimento que surge de uma experiência de amor incomensurável, que é alimentado pelas mesmas provações sofridas ao longo do caminho: é por isso e, só por isso, que a cruz se torna leve. Pedimos a Deus nesta Eucaristia de permanecer sempre conosco e de manifestar o seu amor, sobretudo nas horas tristes e sofridas da nossa vida.

 

Pe Paolo Cugini, Tapiramutá-BA

 

 

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