ISAIAS 40-55
DEUTEROISAIAS
Paolo
Cugini
INTRODUÇÃO
As
seguintes reflexões querem oferecer uma chave de leitura da segunda parte do
livro do profeta Isaias, para ajudar a melhor entender o texto sagrado. Não
são, então, paginas cuja preocupação seja a completeza da pesquisa, mas sim um
auxilio para a reflexão pessoal ou, se quiser, comunitária.
1. A EXPERIENCIA DO EXÍLIO
Na
consciência de Israel o exílio do 587 a.C. deve ser considerado como uma
verdadeira morte e, Babilônia a potência esmagadora que se tornará o símbolo da
potência do mal e da morte[1]. A
ressurreição de Israel e a surpreendente libertação do povo do Exílio será
fruto de uma radical reviravolta da supremacia política e militar na
Mesopotâmia. O grande evento é a conquista de Babilônia por parte de Ciro no
539 a. C.[2] O
Deuteroisaias é o profeta desta grande ressurreição de Israel, da libertação do
poder de Babilônia, e da volta em Israel que aconteceu no ano 538 a. C. por
meio do famoso edito de Ciro rei da Pérsia.
O
que nós sabemos do profeta deste livrinho chamado “da Consolação”, que os
exegetas apelidaram de Deuteroisaias? Quase nada a não ser algumas indicações
importantes que encontramos em Is 50,4-9. Este texto é amiúde considerado o
terceiro canto do Servo, mas na realidade é muito diferente dos outros cantos,
pois se trata de uma confissão autobiográfica, no estilo profético de Jeremias[3]. Neste
texto o profeta não se apresenta como um servo, mas sim como um discípulo e,
este discipulado, consiste na escuta constante da Palavra de Deus e no anuncio
desta mesma Palavra para um povo cansado, desiludido[4]. O povo
que ficou sem templo e sem rei se torna devagarzinho o povo da Escritura. É, de
fato, durante o período do exílio que são fixadas as tradições legais,
históricas e proféticas de Israel para guardá-las da destruição. Então é na
época do exílio que nasce a classe leiga dos escribas e doutores autorizados da
Lei. Apesar disso o Deuteroisaias não é apenas um escriba, mas o discípulo de
um profeta, um discípulo de Isaias. O termo que ele utiliza é limmud, que é um termo muito raro, pois
tem significado de discípulo somente na tradição de Isaias: os limmudim eram os discípulos de Isaias,
aos quais o profeta confia as suas palavras como testemunho[5]. Talvez
seja provável que o Deuteroisaias pertencesse á uma escola profética nascida
durante o exílio, que tinha como referencia a grande profecia de Isaias. O profeta é aquele que por primeiro teve que
passar através a experiência de morte e ressurreição, participando da trágica
experiência do exílio. O profeta devem também agüentar a desconfiança do povo
que perdeu a esperança de voltar na terra de Israel. È aqui, neste contexto que
se compreende a tarefa do profeta: fortalecer os ânimos abatidos do povo de
Israel através de uma mensagem de consolação[6].
Is
40,1-11. A voz que grita é antes de mais nada voz que grita no templo
anunciando a gloria e a santidade de JHWH[7], a volta
da gloria de Deus no templo de Jerusalém[8]. Agora é
o tempo de preparar a estrada para que a gloria volte e fique na frente do povo
como a coluna de fogo no primeiro êxodo. Esta estrada deve ser preparada antes
de mais nada por JHWH, não para o povo[9]. Agora a
gloria de JHWH voltando no templo poderá se manifestar a todas as nações e não
apenas ao povo de Israel.
vv.
6-8: nestes versículos temos:
a.
Um convite da voz ao profeta
para que grite com força a Palavra de Deus.
b.
Uma objeção do profeta[10]: a que
serve proclamar a Palavra de Deus se o homem perdeu a fé e não acredita mais?
c.
A resposta da voz ao profeta:
apesar da incredulidade do povo a Palavra de Deus se realiza sempre. É
suficiente proclamá-la para que ela se cumpra. Esta consciência da Palavra de
Deus que é fiel a si mesma e se realiza sempre acompanha todo o livro da
consolação. De fato no final encontramos os famosos versículos que confirmam
isso[11].
[1] Cf. Sal 137 e Ap.
[4] Cf. Is 50,4.
[5] Cf. Is 8,16.
[6] Cf. Is 43,8.
[7] Cf. Is 6,3-4; 66,5-6.
[8] Cf. Ez 10-11: a Gloria de Deus sai do templo.
[9] Cf. Is 40,3.
[10] Cf. Is 6.
[11] Cf. Is 55, 10-11.
Nessun commento:
Posta un commento