Isaias 40-55 (2)
Paolo Cugini
2. A CONSOLAÇÃO DE ISRAEL
Evangelho
é um termo que na antigüidade sinalizava uma pessoa que ia anunciando uma
vitoria. Quem fazia isso eram as sentinelas (em grego: euanghelion) que quando o êxito da guerra era positivo corriam
rápido para anunciar a boa nova[1]. No
Deuteroisaias evangelho se torna o termo técnico para o anuncio do novo evento
pascal, da libertação da escravidão para a libertação. Este evento e anunciado
por uma mulher[2]
como todos os anúncios pascais da historia da salvação[3]. Este
novo evento pascal exige, como o antigo êxodo, três momento históricos
salvificos diferentes:
- Uma
nova eleição de Israel da terra de escravidão;
- Uma
nova passagem através do deserto;
- Uma
nova aliança.
A
nova eleição significa que Deus volta a chamar o seu povo, como já fez na época
da escravidão no Egito, com a grande diferença que enquanto no Egito o povo era
em continua expansão, aqui na Babilônia o povo esta se extinguindo. Então este
chamado de Deus, esta nova eleição é, na realidade, uma nova criação. Em
hebraico o mesmo verbo significa tanto gritar como chamar. Isso quer dizer que
gritando, proclamando a Palavra[4], Deus,
cria os eventos chama á existência. A Palavra de Deus cria os eventos
históricos[5].
Através
das Palavra profética o povo de Israel, morto com o exílio, vem então novamente
recriado, chamado a vida, num novo relacionamento de amor para com Deus.
Esta
nova chamada de Israel é o núcleo central de todos os oráculos deuteroisaianos
de consolação[6].
O gênero literário destes oráculos parece que tem origem na praxe cultual,
muito parecida com a praxe da penitencia. Quando os israelitas tinham problemas
morais, que não podiam serem resolvidos somente com a Lei, devia procurar o
sacerdote que, uma vez resolvido o caso, pronunciavam um oráculo de consolação
e de exortação. Esta praxe sacerdotal explica a origem deste gênero literário,
ma o utilizo que o Deuteroisaias faz no contexto da nova eleição histórica de
Israel, acrescentam traços característicos:
- Jacó-Israel:
é o nome com o qual o Dt. saias chama o povo; é o nome novo, a nova
identidade que o povo recebe com a nova vocação;
- Servo-eleito:
Israel meu servo, Jacó meu eleito[7].
Este termo eleito expressa o mistério do amor gratuito e fiel de Deus e o
segundo termo precisa o sentido desta eleição. Servo significa ter uma
tarefa para cumprir. A eleição não é fim a si mesma, mas é em função de um
ministério, comporta uma responsabilidade no plano historio da salvação. No
período antes do exílio servo era um atributo que se dava aos reis e aos
profetas (servos de JHWH)[8].
Depois do exílio, quando não tem mais nem reis nem profeta, o termo servo
é atribuído a todo o povo[9].
Este dato mostra que o titulo de sevo de JHWH atribuído ao povo, lhe
confere também uma tarefa de mediação histórica da salvação[10].
- Chamado-formado:
a eleição de Israel do exílio de Babilônia e equiparável ao mistério de
uma nova criação[11].
Este renascimento nacional é descrito, como em Isaias[12]
e em Ezequiel[13],
através a infusão do Espírito de JHWH que, como água, provocará a
floritura do deserto[14].
Portanto se trata de uma renascimento espiritual através da água e do
Espírito, profecia do Batismo cristão[15].
- Não
temer! Continuamente no segundo Isaias
aparece este grito[16].
Somente através da fé Israel poderá ver a nova obra de salvação que está
para cumprir.
[1] Cf. Is 52,7.
[2] Cf. Is 40,9.
[3] Cf. Ex 15; Sal 68; Mc 16.
[4] Cf. Is 40,6.
[5] Cf. Is 41,4.
[6] Cf. is 40, 1-2; 41,8-13; 41, 14-16;
43,1-4; 43,5-7; 44,1-5; 44,21-22; 54,4-6ª.
[7] Cf. Is 41,8-9; 44,1-2; 45,4.
[8] Cf. Is 37,35; is 20,3.
[9] Cf. Jer 30,10; Ez 28,26.
[10] É a tese de A. MELLO, Isaias,
Comento exegético-espiritual, Ed. Qiqaion, Com. De Bose, Magnano 1986,
p. 62.
[11] Cf. Is 44,1.24.
[12] Cf Is 32,15.
[13] Cf. Ez 36-37.
[14] Is 44, 5-6.
[15] Cf. Jo 3,3-5.
[16] Cf. Is 41,10.14; 43,15; 44,2; 54.4.
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