mercoledì 13 febbraio 2019

VI° Domingo do tempo Comum/C







(Jer 17,5-8; Sal 1; 1 Cor 15,12.16-20;Lc6,17.20-26)

Paolo Cugini


1. Conseguir não atrapalhar uma liturgia da Palavra como esta, não é fácil não. Para comentar esta Palavra de uma forma tal que penetre nos corações das pessoas com toda a força da qual Ela é constituída, precisa de uma caminhada bem coerente com o conteúdo do texto. Pois, o perigo constante do pregador é de diluir o conteúdo da Palavra conforme os próprios limites, ou seja, não deixar a Palavra falar aquilo que Ela queria dizer, mas puxá-la, arrastá-la para o próprio lado, justificando assim, a própria falta de fé, a incapacidade de seguir Jesus com aquela coerência de vida que o Evangelho exige. Desta forma não apenas o pregador não se converte, mas também o povo de Deus, sobretudo aquele mais fraco na fé, que não faz o esforço de averiguar por si mesmo lendo e folhando o texto da Escritura, mas se deixa arrastar pelo papo do pregador de turno.
De fato, perante as Palavras que acabamos de ouvir podemos refletir entrando em nós mesmos e pensar: “Como é que as pessoas, perante uma Palavra como esta, continuam mantendo o mesmo sistema corrupto que se alimenta com a ignorância e a preguiça do povo?”.

2. “Bem aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem aventurados vós que agora tendes fome... Bem aventurados vós que agora chorais... Bem aventurados sereis quando os homens vos odiarem... por causa do Filho do homem”( Lc 6, 20s).

Palavras impressionantes, que exigem uma parada de reflexão. De fato, são palavras que contradizem aquilo que vivemos no dia a dia, aonde o pobre é menosprezado, humilhado, massacrado. Pobre sofre, sobretudo porque é humilhado na sua dignidade: é rebaixado, considerado como uma pessoa de segundo plano. Por isso o pobre não gosta de si mesmo e amiúde busca disfarçar a própria condição social, para se sentir acolhido como gente e não recusado como um bicho qualquer. É esta pessoa humilhada, pisada na sua dignidade que Deus coloca ao seu lado, como seu primeiro herdeiro. O dono do Reino de Deus não será um dos poderosos deste mundo, mas, pelo contrario, os excluídos, famintos, sedentos, ou seja, todos aqueles que, neste mundo, passaram por desavenças por causa da injustiça humana. Este é o outro lado da historia. Na perspectiva de Deus ninguém é pobre porque quis, e nem porque Deus quis. Se existem tantos pobres não é por um designo de Deus, mas pela malvadez do homem, que não se satisfaz com aquilo que tem, mas quer sempre mais. A pobreza não é apenas um problema social que os homens não conseguem resolver: é antes de tudo um problema espiritual. É o mesmo profeta Jeremias que na primeira leitura, nos fornece o material para entender o ponto de vista de Deus:
“Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana” (Jer 17,5).

Este é o problema: uma vida confiando nas próprias forças, na busca de uma auto-suficiência, uma autonomia, que nos leva longe dos caminhos de Deus. Um homem assim, que confia só em si mesmo e olha só para o seu umbigo é maldito por Deus, porque os frutos que ele produz são frutos de morte. Quem anda olhando somente o próprio interesse, não se preocupa com os problemas dos irmãos e das irmãs que Deus coloca no caminho.   É uma vida auto-centrada,  na busca constante do próprio interesse, para satisfazer o próprio egoísmo que provoca, de conseqüência, situações de tremenda injustiça e desigualdade. Quem vive no Nordeste sabe muito bem disso e nem precisa entrar nos pormenores. Os problemas que enfrentamos todos os dias, são problemas sociais que tem uma origem espiritual, ou seja, foram todos gerados por pessoas egoístas, que fizeram e continua fazendo de tudo para tirar o maior proveito possível das situações nas quais se encontraram, passando pra cima de tudo: da lei, das pessoas, dos pobres, de Deus. Perante esta situação avassaladora Jesus expressa a opinião de Deus que não fica omisso e nem neutral perante o massacre dos seus filhos, mas toma uma posição claríssima que deve levar os cristãos pelo mesmo caminho. Por isso perante essa pagina claríssima, que nem precisaria de explicações, poderíamos nos perguntar: estamos bajulando a quem? Estamos contando com quem no nosso presente e no nosso futuro? Estamos atrás de que e de quem? Não adianta nada falar de Deus a toda hora, pisar na Igreja todo domingo, comer o Corpo de Cristo se depois na vida concreta, corriqueira o corpo de Cristo fica por trás, porque estamos buscando os favores dos políticos corruptos da vez. Qual foi a nossa postura, por exemplo, nas ultimas eleições municipais do 2004? É a resposta a esta pergunta que decide da verdade da nossa fé.

3. “Ai de vós, ricos, porque já tendes a vossa consolação!” (Lc 6, 24).
Com uma pancada como essa, com uma Palavra forte e clara como esta, não precisa mais esclarecer de que lado está Deus. Sim porque a verdade é esta: Deus, em Jesus, tomou posição, esclareceu uma vez para todas que a riqueza é sinônimo de injustiça, que se existe pobreza é porque alguém está sendo egoísta de mais e Deus não gosta de egoísta. Além do mais, estas palavras tão fortes e claras nos impelem a buscar a nossa consolação não nas coisas que perecem, como a riqueza, o dinheiro, o acumulo de terra, mas naquilo que é imperecível, que dura para sempre. Por isso estamos aqui querendo alimentar a nossa alma destas Palavras e do Corpo de Cristo, para abastecermos a nossa vida do amor de Deus que se manifestou em Cristo, o qual se despojou de tudo para doar a própria vida para nós. A vida de Jesus é o contrario do egoísmo, o caminho dele é no lado oposto dos ricos deste mundo, a sua postura abre o sentido autentico da vida humana e aponta a vereda que deve ser percorrida pela humanidade toda: o amor. Cristo, de fato, não morreu apenas para si mesmo, por um simples destino, mas para nos dar o exemplo (1Pd 1,4s), para que interiorizando a sua vida e as suas Palavras, saibamos olhar o mundo assim como Deus o olha e como Deus o quer e, repletos do seu amor, saibamos enfrentar os arrogantes deste mundo, que em cada momento não perdem a ocasião para iludir as pessoas com as suas promessas vazias.

4. “Alegrai-vos, nesse dia, e exultai, pois será grande a vossa recompensa no céu” (Lc 6, 23)
O Evangelho é um balsamo pelas nossas orelhas, um colírio para os nossos olhos: é um continuo convite para nunca desanimar, pois o mesmo Cristo já passou por este caminho.
Cabe a nós preencher o nosso tempo não de palavras vazias, mas daquela Palavra que dá sentido a nossa existência. O Evangelho, se de um lado se apresenta como uma Palavra dura, do outro aponta o caminho para a salvação, que passa através de uma mudança radical de vida. Pedimos a Deus que esta Santa Eucaristia possa ser um passo na frente na busca de um estilo de vida diferente, mais humano e evangélico.






1 commento:

  1. Belíssima homilia padre;pura realidade! Vejo isso aqui mesmo em nossa cidade. Não sou melhor que ninguém, mas consigo enxergar essa triste realidade claramente; e com relação aos pobres terem vergonha de mostrar sua realidade social eu, por exemplo, sou uma.prova viva que as vezes tenho vergonha de dizer onde moro, porque sei que olham diferente quando sabe onde moro; mas mesmo assim digo. Infelizmente há hipocrisia por parte de muitos que se dizem "fiéis"

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