domenica 18 ottobre 2015

TUDO PARA A GLORIA DE DEUS




DOMINGO  VI/B
(Lv 13,1-2.44-46; Sal 31; 1 Cor 10,31-11,1;Mc 1, 40-45)

Paolo Cugini

1. A carta aos Hebreus nos lembra que a Palavra de Deus é como uma espada a dois gumes, que penetra na alma da pessoa e ninguém pode fugir á sua força. Sempre nesta linha, um padre da Igreja, meditando este texto, falava que a Palavra de Deus é como um espelho no qual uma pessoa encontra si mesma, pois a Palavra de Deus revela a identidade da pessoa que dedica tempo para Ela. Tudo isso pra dizer a importância do texto do Evangelho de hoje, que de fato, revela muito sobre o sentido da nossa existência.

2. “Um leproso chegou perto de Jesus e de joelhos pediu: ‘se queres tem o poder de curar-me’” (Mc 1,40).
 Se entrarmos com a pergunta “Quem sou eu?” o Evangelho de hoje oferece duas respostas que em aparência parecem contraditórias, mas que na realidade apontam um caminho. A primeira resposta é esta: você é um leproso. A lepra é uma doença que devasta a pela e desfigura a forma externa da pessoa. Além disso, a lepra é uma doença transmissível. Por isso, a primeira leitura nos lembrou que, pela lei mosaica, um homem leproso devia ficar isolado e morar fora do acampamento. É sem duvida uma medida que visa proteger a comunidade, a própria sobrevivência. Poderíamos-nos questionar, a essa altura, o que tem a ver esta doença com a nossa existência. Num sentido espiritual a lepra pode ser comparada com o pecado. De fato, o pecado, que é desobediência a Deus, desfigura a nossa identidade, estraga a imagem de Deus presente em nós e que Jesus veio a resgatar. Nascemos mergulhados no pecado original, ou seja, encontramos no nosso DNA espiritual a tendência endêmica á autonomia, a viver buscando um próprio caminho autônomo, seguindo projetos egoístas, nos esforçando de colocar os nossos interesses diante de qualquer coisa. Esta estrutura egoísta e orgulhosa da nossa existência, que molda a nossa vida, constitui o núcleo básico que dirige as nossas decisões, os nossos pensamentos e atos rumo a uma vida autônoma e auto-suficiente. Esta vida egoísta é o pecado, que é sem duvida uma espécie de lepra, pois além de desfigurar a nossa identidade, é transmissível, ou seja, tenta sempre de envolver os outros, de mergulhá-los no mesmo caminho de morte.
A presença de Jesus na historia descortina a nossa realidade. Olhando para Ele, imagem perfeita de Deus, o leproso se dá conta daquilo que ele deveria ser e não é.  Por isso o primeiro e constante passo da vida espiritual é o reconhecimento da própria lepra, é dar o nome a nossa existência, confessando: “eu sou um leproso”. Quem não fizer isso, é porque ainda está amarrado ao próprio orgulho, ainda se acha o dono da própria vida e não quer de jeito nenhum abrir mão dos próprios projetos humanos e egoistas. Mais uma vez: Jesus entrando na historia revela a minha verdadeira identidade: sou um leproso. Importante, então, é olhar a Jesus para admitir a própria realidade. Esta confissão deve acompanhar todos os dias da nossa vida. De fato, para sarar da lepra do pecado, que está enraizado em nós, precisamos a vida toda para dizer: “Jesus tende piedade de mim que sou pecador!”.

3. “Eu quero, fica curado” (Mc 1,41).
Se for verdade que a lepra é uma doença devastante e irreversível, como é que o leproso se dirigiu a Jesus pedindo ajuda? Porque o leproso percebeu em Jesus uma possibilidade de cura? Porque Jesus despertou no leproso uma esperança?
Jesus é o santo de Deus. Só uma pessoa santa tem o poder de despertar vida nas realidades de morte. Este é a segunda parte da nossa identidade que o Evangelho quer nos entregar. Aquilo que Jesus despertou e realizou deve acontecer em nós. De fato, a vida sacramental deve realizar em nós o mesmo Cristo. O Espírito Santo trabalha em nós neste sentido: para realizar Cristo em nós. São Paolo mesmo, na carta aos Gálatas nos lembra o sentido da sua missão: “Meus filhos, sofro novamente como dores do parto, até que Cristo esteja formado em você” (Gal 4,19).
Então, se é verdade que o Evangelho de hoje nos revela a nossa identidade de leprosos, de pecadores, o mesmo trecho aponta também o que devemos nos tornar: outro Cristo. Este é o problema. A vida cristã não é o caminho para nos tornarmos pessoas boas, honestas: muito mais. Cristo veio para santificar a nossa humanidade: é este o grande desafio. “Ele nos escolheu em Cristo antes de criar o mundo para que sejamos santos e sem defeito diante dele, no amor” (Ef 1,4). O mundo precisa de santos, de pessoas santas. Só a santidade, a vida em Deus mexe com as consciências, descortina as mentiras. Foi a justiça de Deus que desvendou a injustiça do mundo. Foi o jeito de amar de Jesus, que descortinou o ódio do mundo. Foi o jeito de partilhar do Filho de Deus que mexeu com o projeto egoístico do mundo.
È a nossa maneira de amar, partilhar, buscar a justiça que provoca o mundo mergulhado na lepra do pecado.

4. Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa fazei tudo para gloria de Deus (1 Cor 10,31).
Uma humanidade santa, purificada da lepra do pecado, se manifesta na vida corriqueira como busca constante da vontade e da glória de Deus. São Paulo, na segunda leitura de hoje, mostra que esta busca deve poder abrange a totalidade da nossa existência, também aqueles momentos, aquelas realidades que não somos acostumados pensar de baixo do olhar de Deus, como o comer e o beber. Na perspectiva que Paulo aponta o caminho de conversão que o Evangelho de Jesus nos convida realizar, deve poder entrar e abranger tudo, pois tudo deve ser recapitulado em Cristo e tudo deve ser cristificado. É esta a razão que deve nos ajudar a levar a serio a proposta de Jesus e, assim, a luta cotidiana contra o pecado que deturpa e desfigura a nossa humanidade. O caminho espiritual pelo qual Jesus veio nos convidar exige a disponibilidade cotidiana a morrer ao nosso egoísmo, a deixar o Espírito Santo purificar a nossa existência, a permitir á Palavra de Deus orientar sempre o nosso caminho.
Que Nesta Eucaristia deixamos que Cristo toque a nossa humanidade para santificá-la e, assim, se tornar instrumento de salvação.





Nessun commento:

Posta un commento