OMELIA DOMINGO IV°/B
(Dt
18,15-20; Sal 94; 1 Cor 7,32-35; Mc 1,21-28)
Paolo Cugini
1. Recomeçando o tempo comum
recomeça também a proposta dos temas clássicos do cristianismo, que a liturgia
ao longo do ano estará re-propondo para os fieis refletirem. O tema da liturgia
de hoje é a novidade da Palavra de Jesus sobre os outros tipos de palavras. Se
é verdade que a fé dos cristãos se alimenta com a Palavra de Deus, como sempre
são Paulo nos alerta, então é importante parar para refletir sobre a novidade
que esta Palavra trouxe pela historia da humanidade. Apesar de que a Igreja
ultimamente alerta os cristão sobre a importância de uma ligação constante com
a Palavra de Deus, sabemos por experiência como, na realidade, quem alimenta a
vida espiritual dos fieis são muito mais as praticas devocionais, que o costume
de meditar, interiorizar a Palavra de Deus. Para nos introduzirmos ao tema de
hoje, poderíamos nos perguntar: a final de conta porque a Palavra de Jesus é
tão importante para nós? Qual é a novidade dela?
2. “Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras” (Dt
18, 19).
A primeira característica fundamenta
que a Palavra de Deus Exige é de ser escutada. Escutar, no sentido bíblico, não
é apenas um esforço físico que envolve apenas o órgão auditivo, mas sim uma
atitude espiritual que envolve toda a pessoa. A escuta da Palavra de Deus exige
um clima todo especial, a busca de uma atenção, um cuidado para que a Palavra
escutada possa penetrar o coração, assim como nos ensina o salmo de hoje: “Não fechei o coração, ouvi hoje a voz de
Deus” (Sal 94). Este versículo do salmo 94 oferece para a nossa meditação
um dato importante, pois revela o objetivo da Palavra de Deus, que é de
alcançar o coração do homem, pois é ali que reside a sede aonde o homem, a mulher
toma as decisões. A Palavra de Deus tem um conteúdo que é ao oposto daquilo que
o homem vive. O principio inspirador do homem, apesar de que muitas vezes ele
nem saiba disso, são os instintos egoístas, que o leva a buscar uma vida
material na qual é ele mesmo o centro. Pelo contrario, a Palavra de Deus
inspira ao coração do homem uma vida de amor, de doação total de si mesmo, de
busca constante da atenção aos irmãos e as irmãs. É por essa razão que, também se escutamos
fisicamente a Palavra de Deus ela amiúde não penetra dentro de nós, porque o
conteúdo dela é totalmente diferente daquilo que somos acostumados a pensar, a
viver. Então, para escutar a Palavra de Deus que nos convida para o caminho do
amor e da justiça, precisamos colocar a nossa existência numa atitude de
conversão, de mudança. É isso que são Paolo quis dizer na segunda litura de
hoje: “O que eu desejo é levar-vos ao que
é melhor, permanecendo junto ao Senhor, sem outras preocupações” (1 Cor
7,35). Paolo não está querendo convidar as pessoas para uma vida despreocupada,
sem responsabilidade: pelo contrario. A idéia de Paulo é ajudar as pessoas a
viver cada instante da vida, cada compromisso como resposta ao chamado de Deus.
Nada na nossa vida deveria ser autônomo e independentemente do plano de Deus.
Por isso Paulo questiona a nossa existência cheia de preocupações mundanas, que
nos afastam de Deus e do seu plano de amor. A escuta da Palavra de Deus, quando
é autentica, transforma a vida cotidiana numa resposta constante a Deus, não
deixando espaço para nada que não entre nesse projeto de amor. Por isso, como
já vimos, o relacionamento com a Palavra de Deus exige dedicação, tempo,
disponibilidade.
3. “Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem
tem autoridade” (Mc 1,22).
A palavra de Jesus é uma palavra
pronunciada com autoridade, por isso é crível. Mas, podemos nos perguntar, de
que autoridade se trata? É aquela autoridade que vem do comprimento daquilo que
diz. A Palavra de Jesus é verdadeira, ao contrario com a palavra do mundo que é
falsa. A verdade disso a encontramos na pagina do Evangelho de hoje. Jesus
ordena para um espírito mau de sair de uma pessoa, e ele sai. Esta é a
realidade simples e autentica da Palavra de Deus: ela sempre realiza aquilo que
expressa. Na Palavra de Deus, como também nos ensinou o Concilio Vaticano II°,
fatos e palavras são interligados. Somos acostumados a nos expressarmos com
tantas palavras pelas quais nem sempre cobramos um retorno de autenticidade,
pois é esta a característica do mundo: a mentira, o engano, a falsidade, o
vazio, a leveza. Jesus com a sua Palavra autentica, nos introduz no caminho da
Verdade, que é Ele mesmo, nos leva no mundo dos conteúdos autênticos, de
palavras que expressam aquilo que dizem, de ações que correspondem exatamente
por aquilo que é pronunciado. É um mundo novo que molda a nossa mente, para que
se torne sensível a Verdade e aprenda a pensar conforme os dados que recebe. Só
a Verdade é capaz de tirar toda maldade da nossa alma. Somos acostumados demais
a lidar todos os dias com pessoas mentirosas e maldosas e, ao longo do tempo,
este costume nos leva a pensar que a vida é assim mesmo, falsa e que para viver
neste mundo falso precisamos ser nós mesmo falsos e maldosos. Pelo contrario,
Jesus nos ensina que Deus é a Verdade e que exige dos seus filhos queridos que
sejam autênticos, sinceros, verdadeiros.
4. “Vinde, adoremos e ajoelhemos antes o Deus que nos criou” (Sal 94).
A verdade da nossa ligação constante
com a Palavra de Deus é no reconhecimento daquilo que verdadeiramente conta na
nossa vida e pelo qual somos disponíveis a nos ajoelhar. Somente o costume
corriqueiro de internalizar e meditar a Palavra de Deus nos levará para o
reconhecimento constante daquilo que está acima de tudo e que exige a nossa
constante devoção e entrega, ou seja, Deus. Seja este o caminho que queremos
percorrer não apenas nesta semana, mas todo dia da nossa vida. Assim seja.
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