domenica 18 ottobre 2015

JESUS ANUNCIAVA A PALAVRA



Domingo - VII/B
(Is 43,18ss; 2Cor1,18-22; Mc 2,1-12)

Paolo Cugini
1. “E Jesus anunciava-lhes a palavra”(Mc2,2)
 Chama atenção este dato importante da vida de Jesus, ou seja a extrema consciência da sua missão: anunciar a Palavra. Enquanto meditava este versículo, lembrei aquilo que são Paulo afirma na primeira carta aos Coríntios: “É pelo Evangelho que vocês serão salvos” (1Cor 15,2). Jesus, então, não perde tempo: logo que se reúne um grupinho de pessoas, Ele anuncia-lhe a Palavra, na consciência que esta, se for acolhida, produzirá a salvação. É um versículo forte, que mexe bastante com o meu ministério, pois perante a postura de Jesus, sou obrigado a me questionar: será que também eu sou tão pressuroso e solicito no anuncio do Evangelho? Lembrei também do trecho de Isaias, que a liturgia proclama no dia de Natal, que diz assim: “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz” (Is 52,7). Quantas vezes experimentamos a alegria de sermos anunciadores da paz, levando a Palavra de Deus para os nossos amigos, amigas ou em vários contextos. Só que pra nós não é algo de constante; pra nós não é espontâneo falar de Deus, do mistério do Reino de Deus com as pessoas que encontramos. Talvez seja o pecado que mora em nós, a atenção a nossa vida, aos nossos projetos, que enfraquece o élan, a força para anunciar o Evangelho. É nessa altura que se torna importante refletir sobre as leituras de hoje, que aprofundam o tema do pecado e da misericórdia infinita de Deus.

2. “Jesus disse ao paralítico: filhos os teus pecados estão perdoados” (Mc 2, 5).
O texto do Evangelho de hoje apresenta muitos elementos para uma compreensão do mistério do pecado. Em primeiro lugar, num sentido espiritual, este versículo nos revela que o pecado produz uma espécie de paralisia, que afeta a nossa vontade. O pecado é um projeto antagonista ao projeto de Deus. Por isso, quando deixamos que a tentação se transforme em ação, é todo o complexo da nossa existência que fica afetado. Se sentirmos falta de vontade de rezar, pouco entusiasmo com os trabalhos da Igreja, vontade de desistir de tudo, podemos ficar certos: é o pecado que, de uma forma ou de outra, entrou na nossa vida e está afetando os centros vitais da nossa vida espiritual, paralisando a nossa existência. É interessante observar que, na perspectiva aberta no Evangelho de hoje, o pecado não visa colocar o homem num projeto de vida diferente, mas simplesmente tirá-lo do caminho de Deus, deixando-o paralisado, sem forças. A situação do homem, da mulher, que se deixa vencer do pecado é, então, isso mesmo: uma vida amorfa, sem vontade de fazer nada, desnorteada, preguiçosa. É nesse sentido que é possível entender a ligação, que Jesus aponta, entre situação física e espiritual da pessoa. Curando a alma do paralítico, Jesus recoloca nele a vida, a força de vontade, o desejo de viver, a vontade de proclamar o Evangelho. Por isso, os santos são tão zelosos com as coisas de Deus, cheios de vontade, esbanjando saúde espiritual de todo lado: é a vida em Deus que dá a pessoa a vontade de viver.

3. Se na pagina do Evangelho encontramos claros elementos, que nos ajudaram a esclarecer os efeitos devastadores do pecado na nossa vida, no texto de Isaias, que escutamos na primeira leitura, descobrimos em que sentido deve ser entendida a misericórdia de Deus.
Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos” (Is 43,18).
Conforme a quanto acabamos de escutar, o perdão de Deus se manifesta antes de mais nada como um esquecimento. Para quem procura Deus para se arrepender dos próprios pecados, encontrará um Pai bondoso disposto a esquecer os erros do filho. Isso é magnífico, porque aquilo que nós não conseguimos fazer, Ele o realiza de uma vez. De fato, se pensarmos com atenção, quando caímos no pecado, não conseguimos esquecê-lo e continuamos nos condenando o tempo todo, com medo de nos aproximarmos a Deus, com vergonha dEle.
A manifestação do perdão de Deus é o esquecimento dos nossos pecados, também porque se não esquecermos os nossos erros, não conseguiremos nunca realizar o plano de Deus. “Eis que eu farei coisas novas, e que já vão surgindo” (Is 43,19). A vocação é isso mesmo: deixar que Deus faça de nós algo de novo, nunca visto. Para isso acontecer, precisamos largar a brilha da nossa vida, deixando que seja Deus a segurá-la. O pecado se manifesta nessa forma também, ou seja, na teimosia de querermos dirigir a nossa existência do jeito que queremos. Se nos arrependermos da nossa teimosia, Deus nosso Pai irá esquecer para fazer de nós algo de novo, imprevisto, que ninguém podia imaginar, pois os mistérios de Deus são escondidos com Cristo em Deus (cf. Col 3,3).

4. Na pagina da segunda carta aos Coríntios, que hoje ouvimos na segunda leitura, são Paulo confirma tudo aquilo que acabamos de colocar.
 “É Deus que nos confirma, a nós e a vós, em nossa adesão a Cristo, como também é Deus que nos ungiu” (2Cor 1,21).
Tudo é de Deus e tudo vem de Deus. A consciência dessa realidade, nos deve levar sempre mais a entregar a nossa existência nele, sem tentar de recuperá-la para segurá-la. O pecado manifesta-se, também nessa forma, na tentativa implícita ou explicita, de querer dominar a nossa vida, de poder controlá-la. “Foi Cristo que nos marcou com o seu selo”(2Cor1,22). Se de verdade levamos na nossa alma o selo de Cristo, então, com Ele e atrás dele, devemos seguir o caminho da cruz, que é o caminho da entrega total. Se percebermos algumas resistências nesse caminho, é porque fragmentos do pecado, que é o egoísmo, estão ainda escondidos dentro de nós. Percebendo isso não devemos ficar tristes (seria um claro sinal do nosso orgulho machucado), mas prontos e disponíveis para o arrependimento e disponíveis ao perdão de Deus, que esquece o nosso pecado a ponto de colocá-lo no mais profundo abismo dos mares (é uma imagem extremamente linda da sabedoria israelita, que se encontra em um texto de Isaias e também num salmo).
Deus quer fazer de nós algo de novo, por isso o seu olhar é sempre dirigido ao futuro. Pedimos ao Senhor que esta Eucaristia produza em nós o desejo de colocar toda a nossa vida nas mãos de Deus, para sermos assim capazes de olharmos sempre na nossa frente e esquecer o nosso passado de pecado.



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