(Josué 5,9-12; Sal 34; 2
Cor 5, 17-21; Lc 15, 1-3.11-32)
Paolo Cugini
1. “Deixai-vos reconciliar com
Deus” (2 Cor 5, 20): é este o grande grito que sai da liturgia deste IV°
domingo de quaresma. É um grito importante, porque nos alerta do sentido
profundo da nossa caminhada de fé e de tudo aquilo que estamos celebrando na
liturgia. Afinal de conta Deus mandou seu Filho Jesus num mundo dividido das
discórdias, das guerras, um mundo mergulhado no ódio e na violência. É esta
mundo que Deus decidiu de salvar, antes de tudo transformando a mesma natureza
do homem. Tudo isso é bem visível em Jesus, o protagonista principal desta
grande obra de reconciliação da humanidade. Se é, então verdade que “em Cristo Deus nos reconciliou consigo, na
imputando aos homens as suas faltas” (2 Cor 5,19), isso quer dizer que a
Igreja, no seu jeito de ser e de viver, é chamada a ser nu mundo o sinal desta
reconciliação que Cristo realizou na cruz. O tempo de quaresma que estamos
vivendo quer, assim, nos alertar que esmola, oração e jejum junto com a vida
espiritual visam aprimorar o nosso relacionamento para com os irmãos e as irmãs
que Deus coloca no nosso caminho. Nada,então, de individualismo religioso, mas
sim uma constante atenção e abertura para com todos e todas, sobretudo nos
momentos de tensões, aonde os sentimentos negativos de raiva e ira são mais
solicitados. È uma humanidade nova, renovada por dentro que em Cristo, Deus
quis realizar. Humanidade nova que exige a nossa disponibilidade e livre adesão.
É por isso que a liturgia da Palavra proclama no dia de hoje uma das mias
lindas paginas do Evangelho, pagina que merece toda a nossa atenção e reflexão.
2. “Um homem tinha dois filhos”
(Lc15,11).
A nossa historia humana começa assim, no relacionamento familiar.
Por isso Jesus utiliza esta imagem para revelar, de um lado a impressionante
misericórdia de Deus e, do outro, o impressionante egoísmo humano. O que estes dois filhos revelam de nós?
O filho mais jovem, aquele
que saiu de casa aponta para a nossa ousadia. Tem momento, na nossa vida, que o
nosso coração fica tão fechado e nossa cabeça tão duraque não quer escutar nada
e ninguém, mas só o próprio orgulho. E ali somos nós com a nossa mochila nas
costas, os nossos projetos, querendo saber mais de que Deus, enfrentando o
mundo equipados somente do nosso egoísmo. O evangelho nos diz que deste jeito
não dá: o fracasso é assegurado. Precisamos comer a comida dos porcos para que
caia a ficha: esses somos nós!
Existe toda uma humanidade que pra se dar conta dos próprios erros
deve ir até o fundo do poço: não tem conselho que possa pará-la. Neste caminho
a experiência de Deus passa através da descoberta que o Pai não se incomoda com
o tamanho dos nossos erros, com o numero das nossas faltas. Descobrimos que
aquilo que Deus quer é a nossa vida, o nosso bem; descobrimos que só nEle e com
Ele conseguimos a felicidade e a paz: não precisamos fugir de Deus. Então
porque fugimos? Talvez porque achamos que os nossos projetos são mais bonitos
daqueles que Deus nos oferece. Achamos que o nosso projeto de vida, a nossa
mesma idéia de vida, seja mais completa, mais atualizada, mais humana.
Precisamos deparar com a nossa desumanidade, a nossa arrogante presunção, para
cairmos em nós mesmo e descobrirmos que os nossos pensamentos, os nossos
projetos sem Deus não valem absolutamente nada. Também porque a historia que
acabamos de ouvir nos mostra claramente, que nos projetos que queremos alcançar
não tem espaço pra ninguém, mas somente pra nós, para a completa satisfação dos
nossos prazeres egoístas. O Evangelho nos mostra claramente o fracasso total
dum projeto de vida como este.
3. A historia do outro filho nos alerta, porém, que não basta ficar em
casa, perto de Deus pra viver em paz. Atualizando: não basta ser uma pessoa de
Igreja, que todo o domingo vai à missa, que é engajado nos trabalhos da Igreja
e tudo mais. Depende daquilo que tenho no coração. A atitude do filho mais
velho, desvende uma situação bastante corriqueira, ou seja, Ele estava perto do
Pai com um seu projeto bem claro, bem definido; não era o seu um serviço
desinteressado, mas fortemente interessado. Isso quer dizer que, apesar da sua
aproximação com o pai, não o conhecia, pois estranhou da sua atitude, de
realizar um banquete paro o irmão que tinha gastado tudo com as prostitutas.
Este episodio da parábola nos alerta sobre a nossa vivencia na Igreja e nos
questiona: porque estamos indo á missa? Porque estamos freqüentando a Igreja?
Qual é o nosso verdadeiro objetivo? Ainda mais: qual é, então, o sentido
profundo da vida cristã?
4. A resposta a esta pergunta encontra-se na postura do Pai. Com o
primeiro filho não quer saber de nada, de desculpas ou de outras palavras, mas
somente o acolhe entre abraços e beijos. Com o secundo filho manifesta toda a sua
grandeza dizendo que tudo aquilo que tem é dos seus filhos. Com um Pai deste
jeito não dá pra segurar as lagrimas: dá mesmo vontade de chorar e de se jogar
aos seus pés. É um Pai que nos ama e nos acolhe do jeito que somos: é o seu
amor, a sua bondade, a sua imensa misericórdia que nos transforma. E tem mais
um dato extremamente importante pra ser colocado: tudo isso é de graça. Ou
seja, não são os nossos atos, as nossas boas ações que produzem a misericórdia
do Pai: é exatamente o contrario! Se a um certo momento da nossa existência
conseguimos perdoar os irmãos e as irmãs, amar os inimigos, partilhar com os
mais pobres é porque acolhemos dentro de nós o imenso amor, a imensa e infinita
misericórdia do Pai. Pois o amor não cobra nada: é gratuito! É isso que a
eucaristia deveria produzir em nós: uma vida gratuita, atos e ações gratuitas.
É esta gratuidade o sinal mais profundo e autentico do amor misericordioso do
Pai na nossa vida. É por isso que devemos perdoar sempre: porque em Cristo,
Deus nos reconciliou consigo mesmo e nos perdoou uma vez por todas. É por isso
que devemos partilhar tudo aquilo que temos, porque em Cristo Deus partilho
tudo aquilo que de mais precioso Ele tinha:o seu único Filho. É por isso que
devemos amar: porque em Cristo Deu Pai nos amou de um jeito tão profundo que
fez de nós os seu filhos e filhas. É finalmente por isso que devemos doar a
nossa mesma vida para os irmão e as irmãs: porque Deus em Cristo doou a sua
mesma vida para nós.
Que nesta quarta semana de quaresma saibamos transformar as nossas
penitencia, esmolas e orações em vida superabundante de amor.
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