QUINTA
FEIRA SANTA/C
(Ex
12, 1-8.11-14; Sal 115; 1 Cor 11,23-26; Jo 13,1-15)
Paolo Cugini
1. Com a celebração da quinta feira Santa a Igreja entra no tríduo
litúrgico chamado tríduo pascal. Nestes três dias somos chamados a refletir
sobre o âmago da nossa fé, ou seja, sobre o mistério da morte e ressurreição de
Jesus Cristo. Reflexão importante porque também nós, através dos sacramentos da
Igreja, fazemos parte deste grande mistério de salvação. Acompanhando a
liturgia do tríduo pascal, a Igreja nos permite de regressar na origem da nossa
caminhada, para podermos avaliar se a nossa maneira de viver os ritos da fé é
conforme ao original, ou seja, á idéia que originou estes ritos. De fato, hoje
a Igreja lembra a instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Amanhã lembraremos
a morte de Jesus, ou seja, a memória do seu amor infinito que recebemos
sacramentalmente através do Espírito Santo. Sábado à noite, na vigília pascal
celebraremos o mistério da Ressurreição de Jesus, considerada a noite mais
importante, a mãe de todas as vigílias (santo Agostinho). Sabemos que era
exatamente nesta noite que, na Igreja primitiva, eram conferidos os sacramentos
da iniciação cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia.
2. “Tendo amado os seus que estavam
no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).
Porque Jesus instituiu a Eucaristia? A resposta a encontramos neste
versículo do Evangelho de João. Jesus proclamou o Reino de Deus, que é um reino
de amor e de paz, vivendo ante de mais nada este amor com os seus discípulos.
Nesta maneira, a vivencia antecipava e, de uma certa foram, anunciava a mesma
Palavra. O conteúdo central do Evangelho é o amor, ou seja, a possibilidade de
viver relacionamentos não ditados dos sentimentos negativos do ódio, inveja,
ciúme que estragam as relações entre homens e mulheres, mas relacionamentos
novos ditados pela abertura e confiança no outro, pela estima recíproca. Jesus
veio anunciar a possibilidade real de uma humanidade nova e foi por isso que
morreu. Humanidade nova quer dizer que, o centro da vida não sou mais eu, com
os meus interesses particulares, a satisfação do meu egoísmo, mas os irmãos e
as irmãs que o Senhor coloca no meu caminho, perto de mim. Isso é já um grande
ensinamento que deveria nos levar a rever a nossa maneira de nos aproximarmos
aos sacramentos. De fato, a Eucaristia não é tanto o Cristo que entra no meu
coração, mas o Cristo que me coloca dentro a vida da Igreja, do Seu corpo
místico, a nova humanidade. E é exatamente dentro esta nova humanidade que sou
chamado a viver a verdade dos sacramentos que recebi. A vida sacramental é vida
nova, é o caminho apontado por Deus em Cristo de sair do egoísmo, da vida
autocentrada, narcisista fruto do pecado, para a vida verdadeira que é
abertura, relação pacifica com os irmãos e as irmãs. Isso quer dizer que, toda
vez que encrencamos, brigamos, não damos o braço a torcer, não queremos perdoar
estamos negando o nosso batismo, negando a Eucaristia, pois esta é um convite á
comunhão. O primeiro profetismo que a Igreja é chamada a viver é a comunhão
entre os irmãos e as irmãs, que comungam o mesmo Corpo de Cristo. É desta
forma, de fato, que a Igreja anuncia a verdade daquilo que celebra
sacramentalmente. A vida de Jesus foi
uma linda e grande história de amor que não desistiu nem perante a morte.
Aliás, a morte de Jesus, foi o coroamento desta vida de amor, de doação total,
de entrega: esta é vida, a vida verdadeira, que todos nós somos chamados
realizar. Perante este imenso amor de Deus para conosco, desmoronam todas as
nossas briguinhas corriqueiras, as nossas incompreensões, o nosso orgulho
desmedido que nos leva continuamente a nos colocarmos num pedestal para
pudermos ver e sentir os outros de cima pra baixo. Pelo Contrario Jesus, com o
seu gesto humilde de lavar os pés dos discípulos, mostrou o caminho que devemos
percorrer. Caminho difícil, mas necessário. Ninguém deve cultivar em si estes
sentimentos de superioridade, pois, em Cristo, nos tornamos irmão e irmãs e,
então, perante Deus somos iguais. O verdadeiro cristão, que deixa agir o
Espírito Santo dentro de si, não procura na vida demonstrar de ser o melhor, o
tal, mas, pelo contrario, procura percorrer o mesmo caminho que Jesus
percorreu, que é caminho da humildade, do abaixamento, do serviço.
3. “Jesus, sabendo que o Pai
tinha colocado tudo em suas mãos... começou a lavar os pés dos discípulos” (Jo
13, 3.5).
É um versículo impressionante e, ao mesmo tempo, revelador. No
momento em que Jesus tem consciência que o Pai tinha colocado tudo em suas
mãos, o que Ele faz com este poder? Pega uma toalha, uma bacia de água e começa
lavar os pés dos seus discípulos. É esta a grande diferença entre Deus e o
mundo. É este o estilo novo que a Eucaristia quer realizar entre nós. Todo o
poder de Deus, Cristo o escondeu num gesto de humildade. Isso quer dizer que
toda vez que servimos os nossos irmãos, irmãs com amor e dedicação, sem querer
nos mostrar o sermos os melhores, ali nos experimentamos a gloria de Deus, o
seu poder. Gloria e poder que não se encontram, então nos milagres, mas nos
atos humildes da vida corriqueira. A santidade de Cristo, a sua divindade a
encontramos neste ato humilde, no seu rebaixamento, nos seus gestos de amor, no
seu se colocar aos pés da humanidade pecadora, sem nenhuma revanche. É por isso que precisamos da Eucaristia, que
não é apenas um rito, um preceito, mas um estilo de vida, aquele estilo que
Deus em Cristo apontou por toda a humanidade. Precisamos da Eucaristia para nos
tornarmos mais humanos, mais autênticos. Precisamos da Eucaristia para entendermos
que o poder de Deus não está no dinheiro e no poder do mundo, mas na atenção
aos irmãos e as irmãs que ele coloca ao nosso lado. Você pai de família, você
mãe precisa da Eucaristia para encontrar Deus na dedicação total ao teu
parceiro, aos teus filhos. Você filho, você filha precisa da Eucaristia para
descobrir que toda a atenção e o respeito para os teus pais será aquilo que irá
enriquecer a tua vida.
4. No Domingo somos convidados a celebrar da Eucaristia. Cabe a nós
fazer deste ato litúrgico, não um puro e simples rito estéril, que não diz nada
á nossa vida, mas um autentico instrumento de transformação da humanidade. Que esta quinta feira santa posa revigorar a
nossa consciência, para conseguirmos a realizar na vida aquilo que no rito celebramos.
Sexta feira Santa C
Is 52,13-53,12; Sal 31; Hb
4, 14-16.5, 7-9; Jo 18, 1-19,42)
1. A liturgia da sexta feira santa introduz a Igreja no silencio da
morte de Cristo. Não precisa, então, esbanjar palavras para comentar as
leituras: é um evento que se explica por si mesmo. Tentaremos, assim, buscar
nas leituras que ouvimos a resposta do problema que parece ainda hoje bastante
enigmático, ou seja, a morte do justo. A final de conta, porque um homem justo
come Jesus morreu? O que Ele fez de mal para merecer uma morte tão horrorosa e
humilhante?
2. A primeira resposta a encontramos no texto de Isaias. “O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos”.
Isto quer dizer que a morte de Jesus não foi ao ocaso, mas perfeitamente dentro
o plano do Pai. Que plano é este que prevê a morte violenta do Filho? Um plano
que Jesus, não engoliu de forma fria, sem vontade quase que estivesse forçado.
Pelo contrario, o texto do evangelho de João, que acabamos de ouvir disse que
Jesus era “consciente de tudo aquilo que
ia acontecer”. Pra fazer a vontade do Pai na nossa vida precisamos ser
conscientes e isso pode acontecer somente quando existe um relacionamento de
amor. Jesus realiza o projeto do Pai porque Ele é o Filho querido e pra Ele
Deus é o Pai. Somente dentro este relacionamento filial é possível viver e
fazer a vontade de Deus seja ela o que for.
3. “Ele tomava sobre si nossas
enfermidades e sofria”. (Is 53, 4).
É isso que o povo e também nós, pare que não entendemos. Cristo
morreu por causa nossa, carregou as conseqüências dos nossos pecados. Foi uma
morte vigária. Jesus se sacrificou voluntariamente por nós. Sacrificou a sua
divindade, os seus projetos para nós. Por isso ficou sozinho na hora da morte
porque tudo mundo pensava que Jesus teria salvado o mundo de uma forma
diferente, talvez com exércitos, com a força, manifestando o seu poder. Cristo
manifestou o seu poder na fraqueza, deixando se matar, atraindo na sua carne a
raiva do mundo, se deixando massacrar do egoísmo dos homens. Perante um gesto
tão grande é bom mesmo silenciar.
4. “Aprendeu o que significa
obediência a Deus, por aquilo que Ele sofreu” (Hb
5, 8).
Se quisermos aprender a viver a nossa vida não como pessoas mimadas
e caprichosas, que obedecem somente aos próprios instintos e caprichos, mas
como pessoas adultas que seguem projetos elevados como é o projeto do Pai, a
escola certa é o sofrimento. É isso que Jesus nos ensina na sua paixão.
Enquanto o mundo faz de tudo pra fugir das situações de sofrimento, Jesus nos
ensina que, toda vez que estamos sofrendo por causa do nosso batismo, é
exatamente naquele momento que Deus nos oferece a grande oportunidade de
amadurecer a nossa filiação ao Pai.
Tomamos, então, a ocasião desta paixão de Jesus para crescermos como
filhos de Deus, aprendendo a encarar as perseguições da vida, as
incompreensões, na certeza que aprenderemos á amar sempre mais a Deus como um
Pai.
VIGILIA PASCAL
2. As leituras que ouvimos nesta noite lembram a grande caminhada que
Deus realizou com o seu povo. É uma historia incrível de amor que passou
através tantos momentos de desavenças, de traição, mas sempre deus cobriu com a
sua imensa misericórdia. Nas horas mais tristes da sua historia, o povo de
Israel faz a experiência da aproximação de Deus que, como um Pai, cuida dos
seus filhos, sobretudo nas horas mais difíceis. A milenaria historia da
salvação ensina também um outro detalhe importante. Deus cuida dos seus filhos
e, em modo especial, dos mais fracos, pequenos e pobres. Por isso falamos do
coração de mãe de Deus. Ele, de fato, age como uma mãe que tem um carinho tudo
especial para com os seus filhos. Esta historia bonita chegou a seu pleno
comprimento com Cristo, o Filho de Deus, que caminhou conosco anunciando o
Reino de Deus e derramando o seu sangue para a salvação do mundo.
3. O rito do Batismo dos catecúmenos, realizado nesta vigília, conforme
uma tradição antiguíssima da Igreja que remonta aos primeiros séculos do
cristianismo, deve lembrar o nosso batismo na moldura de toda al liturgia que
estamos celebrando. Através do batismo somos chamados a continuar a obra de
Cristo, ou seja, espalhar o seu amor no mundo. Conforme aquilo que meditamos
nestes dias, esta obra passa através de muitos sofrimentos, incompreensões,
perseguições, mas no final que foi fiel e perseverante vencerá. O Batismo é
fruto também da Ressurreição de Cristo: é sinal de vida nova, vida que deve ser
transmitida em cada momento da nossa vida. Por isso nos interessamos com os
problemas do povo. Por isso a Igreja entra na luta das conquistas dos direitos
do povo, sobretudo dos mais pobres e injustiçados.
4. Pedimos a Deus que esta noite tão maravilhosa, possa produzir para
nós a força para continuarmos o testemunho do ressuscitado, sabendo que este
testemunho passa também através da cruz.
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