venerdì 17 ottobre 2025

ANUNCIEM DOS TELHADOS

 




Paolo Cugini

 

Guardai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Pois não há nada oculto que não venha a ser revelado, nem secreto que não venha a ser conhecido. Portanto, o que vocês disseram nas trevas será ouvido à luz do dia, e o que sussurraram aos ouvidos nos quartos mais íntimos será proclamado dos telhados (Lc 12,1-2). 

Sim, a grande tarefa é a transparência. A tentação que se aninha na consciência trabalha para nos deixar tranquilos, mas é a ilusão de uma falsa paz. A alma, serena e contente, é corroída por incrustações negativas que um dia, de repente, aparecerão com violência. É preciso estar alerta contra a preguiça espiritual e convida a uma honesta reflexão interior para manter a alma na luz.
Ouvi, filhos da luz, o presságio que vos é dado. Não temais o som destas palavras, mas acolhei-as no fundo do vosso ser, pois elas revelam o destino da alma desatenta. Uma grande tarefa vos é confiada, uma empresa da qual não podeis fugir: a transparência. O trabalho interior é o vosso caminho diário, o caminho que separa a luz das trevas. Não cedais à grande tentação que se aninha na vossa consciência, a mentira que sussurra: "Tudo se resolverá por si mesmo". Enquanto os vossos passos avançam serenos e o mundo vos sorri, no tecido da vossa vida formam-se incrustações silenciosas e ocultas. São as sombras que crescem nas paredes da alma, a negatividade que, como uma semente insidiosa, espera o tempo da sua floração.

Chegará o dia, de facto, em que a máscara cairá. Aquilo que escondestes de vós mesmos e do mundo, com violência e força inauditas, exigirá a sua parte. A tranquilidade fictícia em que vivestes revelar-se-á uma ilusão, e a negatividade aninhada no tempo explodirá com tal veemência que não sereis mais capazes de a dominar. Este não é um aviso, mas uma visão do destino que espera quem se recusa a olhar-se no espelho da alma. Filhos da luz, é tempo de agir. A vossa tarefa não pode mais ser adiada: manter a alma na claridade.

Não permitais que as trevas invadam a vossa consciência. Todos os dias, ao anoitecer, analisai cada palavra, cada escolha feita. Sede corajosos e pacientes nesta inspeção, para que possais dormir serenos e ressurgir pela manhã como testemunhas da luz. O vosso desejo mais profundo seja sempre a luz, a vida transparente que não esconde nada de si mesma e do mundo. Recordai que a luz de Cristo resplandece para iluminar o vosso caminho, e que a sua presença indica o caminho que conduz à verdadeira vida.

O Senhor mesmo vos iluminará e vos dará a força necessária para reinar na luz. Não há noite que possa esconder a sua presença, e vós sois chamados a ser os seus guardiões. Não deixeis que as incrustações se acumulem no vosso ser. O tempo das ilusões acabou. Vós sois a luz do mundo, e a vossa missão é levar esta luz às trevas. Ouvi esta profecia, e agi em conformidade. Não haja mais temor, mas apenas a serena determinação de viver na transparência, para que a alma nunca seja dominada pela sombra.

martedì 7 ottobre 2025

ALEGRA-TE

 

 

Paolo Cugini

 

 

"Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo" (Lc 1, 27).

É surpreendente notar como a primeira palavra que o anjo dirige a Maria é precisamente um convite à alegria. Este detalhe, muitas vezes negligenciado, abre uma clareira luminosa sobre o mistério da Encarnação: a alegria, de facto, é a sua nota dominante e o fio condutor. Todo o mistério da redenção envolve-se neste anúncio jubiloso, como se, com Jesus, a própria alegria irrompesse no mundo para abraçá-lo e transformá-lo. Com a vinda de Cristo, a alegria já não é um sentimento a ser perseguido ou uma mera esperança, mas torna-se uma realidade concreta. Nele cumpre-se a plenitude da vida, uma completude que torna supérfluo qualquer outro grande desejo.

Poder-se-ia dizer que, assim como no alvorecer da criação uma palavra de alegria deu origem a tudo – "Deus viu que era bom" –, assim também o início da redenção faz ecoar uma nova alegria, capaz de iluminar as trevas da existência humana.

A alegria manifesta-se sempre que se passa da escuridão para a luz, quando o coração se abre ao que é vivo: água, ar, árvores, animais, cada elemento da natureza canta esta exultação primitiva. Tudo é alegria para quem sabe reconhecer, nos dons da vida, a presença benevolente do Criador. Nesta visão, a tristeza nada mais é do que a perda daquela luz inicial, o afastamento do anúncio jubiloso que acompanha os primeiros instantes da existência. Ao seguir a narrativa evangélica da anunciação, percebe-se que a tristeza se insinua no coração quando se perde a memória da saudação inicial, quando as preocupações diárias nos envolvem e obscurecem a consciência. É como se, ao esquecermos a perspectiva de alegria oferecida pelo Evangelho, nos deixássemos aprisionar pelas sombras das nossas ansiedades, perdendo de vista o verdadeiro significado da boa nova.

Não por acaso, "Evangelho" significa precisamente "boa notícia": é boa porque abre caminhos de vida verdadeira, dando sentido também às dificuldades de cada dia. É boa porque quem a acolhe com um coração sincero experimenta uma felicidade nova, profunda, que se reflete nas escolhas e nas relações quotidianas. Esta palavra, tão simples e, no entanto, carregada de significado, torna-se uma semente de eternidade: cresce silenciosamente em quem a guarda, produzindo frutos de alegria que nada pode tirar.

Acolher o Evangelho significa, portanto, deixar-se contagiar por esta alegria original. É um estilo de vida que transforma os dias, dá cor mesmo aos momentos cinzentos e devolve sentido às dificuldades. Assim, a alegria do Evangelho torna-se uma experiência viva e concreta, uma luz que nenhuma escuridão pode apagar, uma promessa que acompanha cada passo do homem na viagem da vida. Quem vive a alegria do Evangelho, partilha-a naturalmente com quem encontra, como um dom que se multiplica ao ser dado. E talvez seja precisamente nesta simplicidade que reside a força silenciosa do anúncio cristão: uma alegria que nasce de uma palavra – a Palavra – e que continua a germinar onde encontra corações dispostos a acolhê-la.

sabato 4 ottobre 2025

XXVII Domingo do Tempo Comum – Ano C

 




Lucas 17, 5-10 

Paolo Cugini

 

Na jornada de Jesus a Jerusalém, além de proclamar o Reino dos Céus com palavras e ações, percebemos sua intenção de ajudar seus discípulos a fazer uma transição, uma mudança de paradigma: passar de um relacionamento religioso com Deus para um relacionamento de fé, de confiança. Essa transição é crucial, pois impacta profundamente a vida e o desenvolvimento humano de uma pessoa.

Naquela ocasião, os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé!" O Senhor respondeu: "Se vocês tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: 'Arranque-se e plante-se no mar', e ela lhes obedeceria.

A partir da pergunta dos discípulos, fica claro que eles ainda estão presos a um sistema religioso. A fé, de fato, não é uma questão do que Deus pode dar, nem é uma questão de quantidade. É o amor que o Pai dá, e a qualidade desse dom foi revelada por Jesus. A fé é a resposta pessoal a esse dom do Pai; portanto, não podemos pedir a Deus, mas apenas direcionar nossas vidas para Ele. É por isso que Jesus responde dessa forma, porque, a partir da pergunta deles, fica claro que eles ainda não compreenderam a identidade do Senhor, o significado profundo de Sua proposta.

Qual de vocês, tendo um servo arando ou cuidando de ovelhas, lhe dirá, quando ele voltar do campo: 'Venha depressa e sente-se para comer'? Não lhe dirá antes: 'Prepare-me de comer, cinga-se e sirva-me, enquanto eu como e bebo; depois você poderá comer e beber'?

O problema que Jesus levanta com esta parábola é muito sério, porque põe em questão a forma como vivemos a nossa relação com Deus. Viemos de séculos em que a Igreja nos incutiu deveres, obediência aos preceitos, identificando a nossa relação com Deus com a religião. Assim, dentro deste vínculo, homens e mulheres vivem como servos e não como indivíduos livres. Quantas pessoas vivem mal a sua vida humana porque assimilaram ensinamentos erróneos sobre Deus! Quantas foram doutrinadas, catequizadas, aprendendo a estar diante de Deus com temor e desenvolvendo mecanismos de reverência, com atitudes que mantêm o divino à distância. Esta forma de conceber a relação com Deus ainda hoje se verifica naqueles que vivenciam o sentido do sagrado com atitudes exteriores que indicam distância. Esta é a religião que, quando transposta para o plano existencial, faz com que as pessoas vivam mal, porque o que é percebido como desobediência aos preceitos, às doutrinas aprendidas, é experimentado como sentimento de culpa, que gera mal-estar e necessidade de reparação. Não é por acaso que o sistema de confissão devocional se desenvolveu justamente na Idade Média, para ajudar os religiosos a encontrarem paz com seus sentimentos de culpa. Jesus, porém, nos mostrou o rosto paterno de Deus, que não quer servos ao seu redor, mas filhos. Enquanto o servo vive como escravo, a criança vive em liberdade. Os religiosos têm pavor da liberdade, mesmo que a desejem, mas estão muito presos à teia de leis e decretos em que vivem sua relação com Deus. A liberdade é a essência da imagem de Deus que nos foi dada e é o que define nossa vida como humanos.

Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes foi ordenado, digam: ‘Somos servos inúteis; fizemos apenas o que era nosso dever.

A novidade de Jesus é que Ele não pede para ser servido, mas se coloca a nosso serviço. É o que acontece na Última Ceia, quando Ele se levanta e começa a servir os discípulos, lavando-lhes os pés. Aqueles que não acolhem o dom do amor e não respondem com uma atitude de liberdade para com o Senhor permanecem na condição de servos. Este é o caminho que somos chamados a empreender. Um caminho difícil, porque devemos nos libertar da escravidão das doutrinas e da religião dos preceitos. Difícil, mas possível. Jesus não impõe, mas oferece: cabe a nós empreender este caminho de libertação, que é ao mesmo tempo um caminho de humanização. 

mercoledì 1 ottobre 2025

A MISSÃO DE JESUS

 



 

A identidade de Jesus através os títulos messiânicos

 

Paolo Cugini

 

É o que um título messiânico?

Um título messiânico é uma designação dada a uma figura que, segundo a crença, é o Messias, um libertador ou salvador enviado por Deus. Esses títulos se originam das tradições judaicas e cristãs e carregam um profundo significado teológico. 

Origem do termo

  • A palavra "Messias" deriva do hebraico Mashiach, que significa "o ungido".
  • Na antiguidade, reis e sumos sacerdotes eram ungidos com óleo sagrado para consagrá-los para seus ofícios, tornando-se "ungidos" de Deus

 

Citações messiânicas no Antigo Testamento

Há muitas citações e profecias messiânicas no Antigo Testamento, que cristãos interpretam como prenúncios da vinda e da obra de Jesus Cristo. Elas descrevem o Messias em diversos papéis: descendente de uma linhagem específica, profeta, servo sofredor e rei. A seguir, algumas das mais notáveis: 

Sobre o nascimento e a linhagem

  • Gênesis 3:15: Conhecida como "protoevangelho", a profecia fala da "semente da mulher" que ferirá a cabeça da serpente, mas terá o seu calcanhar ferido.
  • Gênesis 12:3: Deus promete a Abrão que, por meio de sua descendência, todas as famílias da Terra seriam abençoadas.
  • Gênesis 49:10: Previu que o cetro não se afastaria de Judá, até que viesse aquele a quem ele pertence.
  • 2 Samuel 7,12s: Quando chegar o fim de teus dias e repousares com os teus pais, então suscitarei depois de ti a tua posteridade, aquele que sairá de tuas entranhas e firmarei o seu reino. Ele me construirá um templo e firmarei para sempre o seu trono real
  • Isaías 7:14: Uma virgem conceberia e daria à luz um filho, e o nome dele seria Emanuel ("Deus conosco").
  • Miqueias 5:2: O Messias nasceria em Belém-Efrata.
  • Jeremias 31:15: Prevê o luto das mães, que alguns veem como alusão à matança dos inocentes após o nascimento de Jesus.
  • Oseias 11:1: "Do Egito chamei o meu filho", referindo-se à fuga de Jesus para o Egito. 

 

Sobre o ministério e o caráter

  • Isaías 9:6: Descreve a vinda de uma criança que seria chamada de Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz.
  • Deuteronômio 18:15: O Messias seria um profeta como Moisés, que Deus levantaria dentre o povo de Israel.
  • Isaías 40:3: Prediz a vinda de um mensageiro que prepararia o caminho para o Messias, uma profecia frequentemente associada a João Batista.
  • Salmo 2:7: "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei" é interpretado como uma referência à filiação divina do Messias.
  • Zacarias 9:9: Descreve a entrada de um rei humilde, justo e vitorioso, montado em um jumento, cumprida com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. 

Sobre a paixão e a morte

  • Salmo 22:16-18: Antecipa detalhes da crucificação, como as mãos e os pés perfurados, e a divisão das vestes. A frase "Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?" também é citada.
  • Isaías 53: É uma das passagens mais detalhadas, descrevendo o Messias como o "servo sofredor", que foi ferido, esmagado e castigado para salvar o povo de seus pecados.
  • Salmo 41:9: Anuncia a traição por um amigo de confiança, que come do pão da mesma mesa.
  • Zacarias 11:12-13: Menciona a traição do Messias por 30 moedas de prata, dinheiro que seria jogado "na casa do Senhor, para o oleiro".
  • Isaías 53:7: Descreve a submissão e o silêncio do Messias diante de seus acusadores, sem abrir a boca.
  • Salmo 69:21: "Puseram fel na minha comida e, na minha sede, me deram vinagre". 

Sobre a ressurreição e a exaltação

  • Salmo 16:10: Fala da ressurreição do Messias, que não seria deixado na morte nem veria seu corpo se decompor.
  • Salmo 110:1: "O Senhor disse ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita", aludindo à ascensão e exaltação do Messias.
  • Salmo 68:18: "Subiste ao alto, levando cativo o cativeiro". 

Sobre a segunda vinda

  • Daniel 7:13-14: Descreve o "Filho do Homem" vindo nas nuvens do céu, recebendo domínio e um reino eterno. 

É importante notar que a interpretação dessas passagens como profecias messiânicas é uma tradição cristã, enquanto no judaísmo, muitas delas têm interpretações diferentes

 

 


Principais Títulos Messiânicos de Jesus e suas citações

  1. Messias (Cristo). “Disse-lhe a mulher: Eu sei que o Messias (que se chama Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas.” João 4:25 (cf. 2 Sam 7,12s)
  2. Filho de Deus “Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Mateus 16:16
  3. Filho do Homem “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Lucas 19:10 (Cf Dn 7,14s)
  4. Senhor “Disse então Tomé: Senhor meu, e Deus meu!” João 20:28
  5. Cordeiro de Deus. “No dia seguinte João viu Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” João 1:29
  6. Rei dos Judeus “E puseram sobre a sua cabeça a sua acusação escrita: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.” Mateus 27:37 (2 Sam 7,12s)
  7. Salvador, “Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Lucas 2:11 (Cf. Miqueias )
  8. O Santo de Deus “E nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.” João 6:69
  9. Príncipe da Paz “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, ... e o seu nome será... Príncipe da Paz.” Isaías 9:6 (Profecia messiânica aplicada a Jesus no cristianismo) (Zc 9,9s)
  10. Luz do Mundo “Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” João 8:12 (cf. Ex 3,14).
  11. Pão da Vida “E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.” João 6:35
  12. Bom PastorEu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” João 10:11 (Cf. Ez 34).
  13. Alfa e ÔmegaEu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. Apocalipse 22:13

 

 


 

JESUS NUNCA SE AUTODEFINE O CRISTO

 

De acordo com os Evangelhos, Jesus nunca se autodefiniu explicitamente como o Cristo, ou Messias. Embora tenha mantido a sua identidade messiânica em segredo durante parte de seu ministério, Ele revelou-a claramente nos momentos cruciais, principalmente durante um diálogo com uma mulher samaritana e durante o seu julgamento. Nestes diálogos são interessantes as respostas de Jesus.

 

Com a mulher samaritana (João 4:25-26)

  • A mulher, reconhecendo a autoridade de Jesus, diz: "Eu sei que o Messias (que se chama Cristo) está para vir. Quando ele vier, nos anunciará todas as coisas".
  • Jesus responde diretamente: "Eu o sou, eu que falo contigo". (cf. Ex 3,14)

Durante o seu julgamento (Marcos 14:61-62)

  • Diante do sumo sacerdote, Jesus é questionado: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus Bendito?".
  • A resposta de Jesus é um claro: "Eu sou". (cf. Ex 3,14)
  • Jesus complementa a declaração, citando o Antigo Testamento, ao dizer: "E vereis o Filho do homem assentado à direita do Todo-Poderoso, vindo com as nuvens do céu". 

Após a confissão de Pedro (Mateus 16:16-17)

  • Quando Simão Pedro confessa: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo",
  • Ele responde: "Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que te revelaram, mas meu Pai que está nos céus". 

Na sinagoga de Nazaré (Lucas 4:18-21)

  • Jesus lê um texto do profeta Isaías que fala sobre o ungido do Senhor (o Messias).
  • Após a leitura, Ele declara: "Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir", afirmando que era Ele quem cumpria a profecia.

 

 


 

JESUS SE AUTODEFINE COMO O FILHO DO HOMEM

 

Jesus usou o título "Filho do Homem" cerca de 80 vezes nos Evangelhos para se referir a si mesmo. A expressão tem um significado complexo, que remete à sua humanidade e, ao mesmo tempo, ao Messias glorioso descrito no livro de Daniel (Daniel 7:13-14). 

A seguir, uma lista de algumas das passagens mais notáveis onde Jesus se autodenomina "Filho do Homem":

Nos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas)

Sua autoridade e poder

  • Mateus 8:20: "As raposas têm suas tocas, e as aves do céu têm seus ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça."
  • Marcos 2:10: "Para que saibam que o Filho do Homem tem autoridade na terra para perdoar pecados..."
  • Lucas 5:24: "...mas para que saibais que o Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados..."
  • Lc 6,5: o Filho do Homem é Senhor do sábado
  • Mateus 12:8: "Porque o Filho do Homem é Senhor do sábado." 

Seu soffrimento e morte

  • Mateus 17:12: "Assim também o Filho do Homem há de padecer por causa deles."
  • Marcos 9:31: "O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão."
  • Lucas 9:22: "É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos líderes religiosos..."
  • Mateus 26:24: "O Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito. Mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Seria melhor que ele não tivesse nascido." 

Sua vinda em glória e julgamento

  • Mateus 24:27: "Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem."
  • Marcos 13:26: "Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens, com grande poder e glória."
  • Lucas 21:27: "Então verão o Filho do Homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória."
  • Mateus 25:31: "Quando o Filho do Homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial." 

Sua missão e retorno

  • Lucas 19:10: "Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido."
  • Mateus 16:27: "Porque o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um segundo as suas obras." 

No Evangelho de João

  • João 1:51: "Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem."
  • João 3:13: "Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que veio do céu: o Filho do Homem."
  • João 5:27: "E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem."
  • João 6:27: "Trabalhai não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará."
  • João 9:35: "Perguntou-lhe Jesus: Tu crês no Filho do Homem?"
  • João 12:23: "Chegou a hora de ser glorificado o Filho do Homem." 

Outras referências no Novo Testamento

Apesar de ser usado quase exclusivamente por Jesus para se referir a si mesmo, a expressão aparece também em outras passagens:

  • Atos 7:56: Estevão, ao ser martirizado, afirma: "Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem em pé, à destra de Deus."
  • Apocalipse 1:13 e 14:14: O apóstolo João vê uma figura celestial "semelhante ao Filho do Homem".

 



Porque Jesus se define: Filho do homem e nunca o Cristo?

Em Dn 7, 12s a expressão Filho do Homem tem um sentido particular, eminente, na qual ela designa um homem que ultrapassa misteriosamente a condição humana.

Esta profecia de Daniel abre o caminho e o sentido àquelas profecias do AT que apresentam o futuro messias, não na linhagem de Davi, o rei forte e armado, come as profecias que encontramos em Isaias, mas sim nas profecias que anunciam a príncipe da paz (Is 9,6; Zc 9,9s). Isso é visível também quando Jesus na sinagoga de Nazaré comenta e interpreta o texto de Is 61, 1-2 (Lc 4,16-19).

Entrando na linha profética do Filho do Homem, Jesus manifesta que a força de Deus passa através:

ü  a misericórdia e não a condenação (João 8,1s);

ü  a paz e não a guerra (Lc 19,35s);

ü  se identificando com os pobres e nunca com os ricos (Mt 25,32s);

ü  Jesus abençoa os pobres e amaldiçoa os ricos (Lc 6, 20-26);

ü  acolhendo as mulheres num contesto de cultura patriarcal (Lc 8,1-3);

ü  Criando laços de amizade com os seus amigos e amigas (João 13,1s);

ü  Partilhando os seus bens e não acumulando (2 Cor 8,9);

ü  Se humilhando e não se engrandecendo (Fil 2,5s);

 



Eucaristia: é o símbolo da vida de Jesus.

Ação do Espírito Santo em nós: recria em nós os mesmos sentimentos que eram de Jesus.

 

Agostinho: Vive aquilo que recebe. Você recebeu se comungando a paz de Cristo, seja uma pessoa de paz.


sabato 20 settembre 2025

A SEMENTE LANÇADA

 




Reflexão sobre a parábola do semeador e o potencial do crescimento

 

Paolo Cugini

 

Na parábola do semeador (Lc 8,5s), Jesus conta sobre um homem que sai a semear: algumas sementes caem à beira do caminho, outras em terreno pedregoso, outras ainda entre os espinhos, e por fim algumas em terra boa, onde produzem fruto. Esta imagem, tão simples e imediata, encerra uma força expressiva que atravessa os séculos, renovando a cada vez o seu significado. A semente não é apenas uma pequena realidade biológica: é uma promessa, um símbolo de potencialidade, de espera e de transformação. A parábola convida-nos a olhar além das aparências, a perceber na própria vida a possibilidade de germinar e crescer mesmo quando as condições parecem desfavoráveis.

Na semente, a pedagogia encontra uma metáfora poderosa. Ela representa a fase inicial de todo percurso: a infância de um projeto, o pensamento que desponta na mente, o desejo que toma forma. Pedagogicamente, a semente é a confiança no futuro, o investimento na educação, o cuidado com aquilo que ainda não se vê, mas que pode tornar-se grandioso. Esteticamente, a semente é beleza oculta, promessa silenciosa, espera que se cumpre com o tempo. A imagem da semente lembra-nos que todo crescimento começa pelo que é pequeno e invisível, e que a verdadeira riqueza reside na capacidade de reconhecer o valor do que ainda não está concluído. Cada semente contém em si a potencialidade de se tornar algo único. Contudo, o seu desenvolvimento depende de inúmeros fatores: o solo, o clima, o cuidado recebido. O processo de crescimento nunca é linear; passa por momentos de espera, de dificuldade, de luta contra as adversidades. Só quando encontra condições favoráveis, a semente pode germinar e crescer, dando origem a uma planta que, por sua vez, dará fruto. Esta dinâmica reflete o nosso próprio crescimento pessoal: trazemos dentro de nós sementes de talento, sonhos, desejos, mas é apenas através do tempo, da paciência e da coragem de enfrentar desafios que podemos chegar à maturidade. O percurso de maturação exige acolher a vulnerabilidade, não temer os obstáculos, permanecer fiéis ao caminho iniciado.

A parábola sublinha o papel do solo: nem todas as sementes dão fruto, pois nem todos os terrenos são adequados. O solo simboliza o contexto, a disponibilidade para receber, a capacidade de acolher o novo. O cuidado torna-se, então, central: o semeador é chamado a amar o seu trabalho, a não desanimar diante dos fracassos, a preparar com paciência o terreno para que a semente possa desenvolver-se. Esta imagem reflete-se na nossa vida: cada relação, cada projeto, cada sentimento precisa de tempo, atenção, respeito pelo ritmo natural. “Não se pode colher onde não se semeou”, diz um velho provérbio italiano: o fruto do crescimento depende da dedicação e do carinho que estamos dispostos a oferecer.

Ser guardiões das sementes significa assumir a responsabilidade pelo crescimento, pela maturidade, pela fidelidade às promessas nelas contidas. Cada semente que germina é resposta a um chamado, é testemunho de um cuidado recebido. O caminho para a frutificação é marcado por escolhas conscientes, pela capacidade de sustentar o que é frágil, de proteger o que é débil e acompanhá-lo até que se torne forte. Só assim se pode ver o milagre da transformação: o que era invisível se revela, o que era potencial se realiza. A maturidade não é apenas o alcance de um objetivo, mas o próprio processo de ser fiel ao próprio desenvolvimento, de permanecer aberto à mudança, de cultivar a esperança mesmo nos momentos difíceis.

A parábola do semeador e a metáfora da semente convidam-nos a olhar para dentro com novos olhos: que sementes estamos a cultivar na nossa vida? Que solos estamos a preparar? Somos capazes de reconhecer a beleza do crescimento, mesmo quando é lento e silencioso? Cuidar de uma semente significa acreditar em algo que ainda não se vê, aprender que a paciência é a medida da responsabilidade e que a maturidade é fruto de uma fidelidade diária. Em cada um de nós vive a força de uma semente: a possibilidade de transformar o pequeno em grande, o silêncio em palavra, a esperança em realidade. O convite é tornar-nos semeadores conscientes, guardiões atentos e artistas do crescimento, para dar à nossa vida e à dos outros a possibilidade de florescer.

 

venerdì 19 settembre 2025

XXV DOMINGO/C

 



Lc 16,1-13

 

Paolo Cugini

 

A espiritualidade que flui das páginas do Evangelho não se detém na alma, mas transforma toda a realidade. Aqueles que renascem do alto e se deixam moldar pelo Espírito do Senhor mudam sua maneira de interagir com o mundo, a qualidade de seus relacionamentos e sua maneira de ver a matéria. A prioridade da vida cristã, que é Jesus, torna-se o fulcro da vida a ponto de não deixar nada intocado. Ele é o fermento na massa, o pequeno grão de mostarda que cresce e se torna uma árvore poderosa. A vida cristã é, portanto, uma jornada de transformação que envolve tudo. Não é por acaso que Paulo, em suas cartas, fala em recapitular todas as coisas em Cristo (Ef 1,10), inclusive a matéria. Esta introdução ao significado da vida espiritual na vida cristã deve nos ajudar a compreender a profundidade da mensagem de Jesus no Evangelho de hoje.

O mestre elogiou o administrador desonesto por sua astúcia, pois os filhos deste mundo são mais astutos no trato com a sua própria geração do que os filhos da luz.

A parábola que Jesus conta foca no uso sábio do dinheiro. Aqui também, aqueles acostumados a equiparar espiritualidade a orações devocionais podem ficar perplexos. O que, de fato, o uso do dinheiro tem a ver com espiritualidade? Lendo a parábola e seu comentário, juntamente com outros textos do Novo Testamento, podemos entender que, para Jesus, o uso do dinheiro é uma questão central na vida de um cristão. Em suas palavras subsequentes, Jesus oferece razões e argumentos que nos ajudam a refletir. O administrador é desonesto, mas é elogiado por seu senhor: por quê? Porque ele usa os bens de seu senhor de forma enganosa, para garantir algo para si mesmo quando está desempregado, tendo sido demitido.

Pois bem, eu lhes digo: façam amigos por meio de riquezas desonestas, para que, quando estas acabarem, eles os recebam nas moradas eternas.

Quem são os amigos que devemos ganhar com a riqueza desonesta? São claramente os pobres: ele especifica isso na próxima passagem. De fato, serão os pobres que nos receberão nas moradas eternas. Isso é consistente com o que encontramos no final do Evangelho de Mateus, onde Jesus se identifica com os pobres, os famintos, os sedentos, os estrangeiros e os presos. O único valor que Jesus dá à riqueza é aquele que é compartilhado, enquanto a acumulação de bens é condenada, porque, ao acumular, retiramos do mercado bens que poderiam ser úteis para aqueles que não os têm. Claramente, este ponto precisa ser explicado e atualizado. Rico não é o pai ou a mãe de uma família que reserva algum dinheiro para seus filhos, para pagar a escola, a universidade ou os cursos que eles querem que seus filhos façam. Isso não é acumulação, mas paternidade responsável. Rico, na perspectiva que ouvimos no Evangelho destes domingos, é alguém que, apesar de ter muito, não distribui o que ainda arrecada àqueles que não têm, mas guarda para si, acumula, manifestando uma visão mesquinha da vida.

Outra pergunta: por que Jesus fala de riqueza desonesta sem apresentar uma justificativa para sua afirmação? De fato, lendo o texto, toda forma de riqueza, na perspectiva do Evangelho, é desonesta: por quê? A riqueza é desonesta porque é sempre fruto da injustiça, da apropriação indébita. Se há pobres, é porque alguém se apropria do que não é seu. Portanto, se alguém tem mais, e isso é fruto de sua própria engenhosidade, de seu próprio trabalho, é chamado a compartilhá-lo com aqueles que nada têm, com os pobres. São eles que nos acolherão no reino dos céus e, portanto, ao longo da vida, é bom aprender a tratá-los bem, a nos dar a conhecer a eles.

Nenhum servo pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e a Mamom.

Jesus apresenta a riqueza como um antagonista de Deus, como um ídolo. Os ricos, nessa perspectiva, são idólatras, pois fizeram da acumulação de dinheiro o seu deus. Servir ao Deus que se manifestou em Jesus Cristo significa compartilhar a riqueza com os pobres. Quando os ricos não compartilham suas riquezas, significa que se tornaram escravos do dinheiro e, dessa forma, se distanciaram de Deus. A espiritualidade que o Evangelho propõe deve influenciar a maneira como usamos o dinheiro. Nossos pensamentos devem estar sempre voltados para aqueles que vivem com pouco, que têm fome, sede e são estrangeiros: Jesus está neles.

 

venerdì 5 settembre 2025

XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM C

 




Lucas 14:25;33

 

Paolo Cugini

 

Há uma corrente espiritual significativa dentro do cristianismo, que chegou até nós, que identifica a vida cristã com o sofrimento. Dessa perspectiva, parece que quanto mais uma pessoa sofre, mais próxima ela se torna de Deus. Talvez seja por isso que tantos jovens, que desejam tudo menos sofrimento, abandonam a comunidade quando encontram adultos que os introduzem a essa espiritualidade do sofrimento, para nunca mais voltarem. O Evangelho que acabamos de ouvir parece conter alguns versículos que se alinham com esse tema do cristianismo sofredor. Portanto, vale a pena refletir sobre isso por um momento e tentar entender.

Naquela ocasião, uma grande multidão acompanhava Jesus. Ele se voltou e disse-lhes:

Seguir o Senhor não é um fenômeno de massa, mesmo que já o tenhamos tornado, mas uma resposta pessoal a uma proposta exigente. Nunca nos cansemos de sublinhar este aspeto; só assim podemos deixar de nos escandalizar se as igrejas estão vazias, se os jovens não vão à missa. Devemos aprender a medir a validade da proposta do Evangelho não pela quantidade ou pelos números, mas pela qualidade, beleza e profundidade do estilo de vida, pela diversidade que oferece. É belo ser seguidores do Senhor, cristãos, não porque somos muitos, mas porque nos amamos uns aos outros, porque em comunidade aprendemos a colocar-nos em último lugar, a deixar de lado as nossas vestes para amarrar uma toalha à cintura e lavar os pés dos nossos irmãos e irmãs mais necessitados.

"Se alguém vem a mim e ama a seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até mesmo à sua própria vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. E quem não carrega a sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo.

Aqui estão dois versículos que expressam lindamente a radicalidade do Evangelho, a diferença entre a proposta de Jesus e tantas outras que encontramos. A primeira pergunta que esses versículos nos fazem, ouvintes, é esta: você quer ser um discípulo do Senhor? A resposta a essa pergunta determina o caminho que estamos dispostos a seguir. Ser discípulo do Senhor significa ser movido pelo desejo de uma vida nova, diferente. Significa ser movido pela busca de um sentido para a vida que preencha nossa existência. Aqueles que conseguem perceber o Evangelho em sua própria vida, a presença do Senhor como o alimento definitivo que buscam, estão então dispostos a fazer qualquer coisa, a fazer qualquer corte, qualquer sacrifício, para direcionar sua própria vida. O amor a Jesus deve chegar ao ponto de fundamentar qualquer relacionamento, de remodelar qualquer modo de vida, porque é o amor fundamental. Este requisito também explica o próximo: Quem não carrega a sua própria cruz e não me segue não pode ser meu discípulo. De que cruz Jesus está falando? Da escolha que um discípulo faz em nome do Senhor. Por que a escolha é uma cruz? A coerência das escolhas feitas por amor ao Senhor, um amor gratuito que busca justiça, igualdade e preocupação com os mais pobres em um contexto que nega todos esses valores, causa tensão, sofrimento e sofrimento. Seguir o Senhor não significa sofrer: muito pelo contrário. Seguimos o Senhor porque experimentamos em sua Palavra uma luz nova nunca vista antes, um bálsamo de alívio nunca antes sentido, uma paz interior definitiva. Então, por que o sofrimento? O sofrimento não é trazido pelo Senhor, mas pelo mundo, que não aceita a beleza de sua proposta, sua simplicidade, sua bem-aventurança. O mundo inveja a alegria que é a presença do Senhor; não suporta a paz que seus discípulos experimentam; odeia sua serenidade, seu modo de vida altruísta e desinteressado. É por isso que o mundo trava guerra contra os discípulos do Senhor. Afinal, o próprio Jesus os havia advertido durante a Última Ceia, quando lhes disse: Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiaram a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; Porque vocês não são do mundo, mas eu os escolhi do mundo, por isso o mundo os odeia (João 15:18-19). Com sua presença, Jesus expôs o vazio, o nada das ofertas do mundo, que oferecem uma felicidade passageira baseada em coisas materiais, em posses, na exploração dos mais fracos. Uma alegria que é para poucos. As ações e a Palavra de Jesus abrem as consciências, despertando aqueles que estão presos na armadilha que sofreram e descobrindo que a verdadeira paz não depende de coisas materiais, mas do amor que se tem, e que a alegria não depende do poder, mas de fazer os outros felizes, especialmente os mais pobres.

Qual de vocês, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos para ver se tem os meios para concluí-la?

Para aprender a viver no mundo sem sermos sobrecarregados e enredados pela sua lógica, precisamos dedicar tempo a estudar a situação, a compreender o engano, a desmascarar a estrutura enganosa das propostas do mundo. Não só isso. Precisamos aprender a dedicar tempo a encher a nossa alma com o amor do Senhor, a encher os nossos pulmões com a força que vem do seu Espírito. Como diz São Paulo: "Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder" (Ef 6,10). É precisamente isso que fazemos no domingo: aproximamo-nos do altar do Senhor para nos nutrirmos da sua alegria, do seu amor, para bebermos da sua sede de justiça e igualdade. Aproximamo-nos dEle porque só com Ele temos a coragem de viver plenamente o que ouvimos e de ser capazes de ignorar se o mundo nos odeia.