giovedì 31 dicembre 2015

OS CANTOS DO SERVO DE JHWH




  ISAIAS 40-55 (5-7)

Paolo Cugini


5. OS CANTOS DOS SERVOS DE JHWH
A maioria concorda hoje me pensar que terceiro canto fala do mesmo profeta Deuteroisaias. O problema é saber se o Sevo é Israel ou o Messias. O verdadeiro problema exegético é de origem teológica, pois para os Hebreus o Servo indica a Missão de todo o povo de Israel de mostrar o verdadeiro nome de Deus aos povos pagãos; para os cristãos o Servo aponta para o futuro Messias. Talvez ambas as interpretações dos Cantos do Servo de JHWH contem um núcleo essencial de verdade. Alguns pressupostos metodológicos:
  1. Não existe nada de autentico que possa autorizar a separação destes cânticos do Deuteroisaias para atribuí-los a um autor diferente. Se isso é verdade, então a interpretação dos cânticos do Servo deve ser interpretado dentro do contexto da narração do Deuteroisaias.
  2. Em todo o contexto do Deuteroisaias o titulo Servo de JHWH é o nome novo dado ao povo de Israel resgatado do exílio, que é personificado no seu predecessor Jacó (= Israel).
  3. No Deuteroisaias as promessas messiânicas feitas a Davi são extensas a todo o povo de Israel[1]. A interpretação messiânica, portanto, e a coletiva não são antitéticas neste horizonte profético. As promessas divinas de salvação que agora são dirigidas a todo o povo, podem no futuro concentrar-se numa única figura representativa de todo o povo de Israel.

6. O TESTEMUNHO REGAL E PROFETICO DO SERVO
(Is 42;49)
Is 42 é a apresentação oficial do Servo por parte de JHWH, através de um oráculo em terceira pessoa, que lembra os oráculos de investidura real que encontramos nos salmos[2]. A missão do Servo é narrada de um jeito que não tem nada a ver com os atributos messiânicos. Parece muito mais com a figura babilonense do mensageiro do grande rei. Segunda uma tradição antiga depois que o rei emitiu uma condenação a morte, o mensageiro devia anunciar a voz alta nas praças a noticia, para ver se tinha alguém que podia defender o acusado. No primeiro canto a imagem do mensageiro é virada: o Servo é como o negativo do mensageiro. Isso quer dizer que o julgamento que ele deve anunciar não é de condenação, mas de salvação. Se trata da proclamação de JHWH com único Senhor e Salvador de todos os homens. O Sevo de Is 42 é sem duvida Israel que anuncia um julgamento radical de condenação de todos os ídolos para testemunhar a unicidade divina de JHWH no meio dos pagãos. O Servo é chamado não apenas a anunciar a Lei, mas sim a sua Lei, a sua interpretação. A missão do Servo assume também uma relevância profética que é explicitada em duas expressões importantes:
1.        Aliança do Povo[3].
2.      Luz das nações[4].
Com a nova aliança Israel se torna aliança do povo, ou seja, mediador de uma aliança universal entre Deus e todos os povos. Através desta aliança os povos dispersos na face da terra serão reunidos e se tornarão um só povo[5]. A unicidade divina de JHWH rende possível a unidade dos povos.
Israel é também luz das nações, pois elas caíram nas trevas. Este torna amiúde em todo o livro de Isaias[6].
Is 49,1-9: é um chamado típico das narrações proféticas de vocação[7]. O servo não é tudo Israel, mas sim o Israel exilado. A figura do Servo assume o relevo messiânico mesmo porque representa Israel. É explicação mais simples para interpretar os Cânticos do Servo é aquela de ver uma apresentação do sofrimento de Israel durante o cativeiro do tempo do exílio. O Israel personificado no Servo é necessariamente também uma figura messiânica, pois não pode existir messias que não represente plenamente a vocação de Israel, naquilo que ela tem de mais típico e universal. O mistério da eleição de Israel entre os povos é, a final de conta, um segredo messiânico: por isso o destino do Servo é uma profecia do destino do Messias.

7. O TESTEMUNHO SACERDOTAL DO SERVO
IS 52-53
O terceiro Canto do Servo[8] é o teologicamente mais importante, o cume profético de todo o Antigo Testamento. Para entender estes capítulos precisamos encaixá-los dentro a ótica do Deuteroisaias. Os capítulos 51-52 são um convite recíproco entre JHWH e Jerusalém a acordar do sono[9]. A necessidade de uma intervenção salvivifica de JHWH é já presente no capitulo 52,3-6. Neste oráculo o profeta se queixa da dureza da pena que o povo está sofrendo, que não tem comparação com as experiências anteriores. O mistério deste sofrimento será desvendando somente no terceiro canto do Servo: o sofrimento de Israel no seu exílio no meio dos pagãos tem um sentido de expiação pelos pecados do mundo. O terceiro Canto do Servo é composto de dois oráculos que abrem e fecham o Canto. Nestes dois oráculos encontramos por cinco vezes o termo muitos (rabbim) que é amiúde em paralelo com os poderosos e os reis desta terra e está a apontar a multidão de todas as nações que assistem a libertação de Israel da escravidão da Babilônia. No centro do Canto encontramos uma longa lamentação coletiva[10]sobre o destino do sofrimento e de paixão que aconteceu ao Servo antes da sua glorificação.

O servo se carregou dos pecados de “muitos”. Este sofrimento vicário do Servo é por ele escolhida com consciência: maltratado, se deixou humilhar. Esta voluntária obediência do Servo até a morte é a obediência do Servo á vontade do Senhor[11]. É na livre vontade do Servo que se realiza a vontade de salvação do Senhor para o seu povo e, através dele, para todos os povos. Isaias 53 é o único texto de todo o Antigo Testamento no qual se fala de um sacrifício humano como cumprimento da vontade de Deus, além do sacrifício de Isaac, que declarava já como os sacrifícios animais tivessem sentido em quanto sinais, sacramentos do sacrifício humano, ou seja, do amor e da obediência do homem a Deus até a morte. Durante o exílio não tinha nem templo nem animais e assim nesta experiência trágica Israel apreendeu a entender como o sofrimento e a morte tenham um valor sacrifical, para a expiação do pecado. O único sentido possível da historia sofrida de Israel é um sentido expiatório para os pecados do mundo.

Is 53,8: com este versículo o texto do Canto faz um passo na direção messiânica, porque o Servo do Senhor deve levar o peso dos pecados do seu povo, do povo de Deus. Só o messias faz exceção do pecado. De fato, o Servo de JHWH veio para ser rejeitado e menosprezado para os homens[12]para dar a sua vida em resgate para muitos[13]. A confissão de Jesus como o Servo de JHWH morto para os nossos pecados e ressuscitado para a nossa salvação, é o Kerigma cristologico mais antigo da Igreja[14].
Todo cristão deveria lembrar que o seu Senhor e Salvador é tal mesmo em quanto é o messias de Israel, aquele que cumpriu na sua pessoa a missão real, profética e sacerdotal de todo o povo de Israel. E deveria assim reconhecer que a historia mesmo e Israel é uma profecia do seu messias, o messias sofrido e crucificado.


[1] Cf. Is 55,3.
[2] Cf. Sal 2,6-7; 110,4.
[3] Cf. Is 42,6; 49,8
[4] Cf. Is 42,6; 49,6.
[5] Cf. Is 42,5.
[6] Cf. Is 9,1 60,2.
[7] Cf. Jer 1,1s.
[8] Is 52,13-53,12.
[9] Cf. 51,9.17.
[10] Cf. Is 53,1-10.
[11] Cf. Is 53,10.
[12] Cf. Is 53,3; Mc 9,12; 1 Cor 15,3.
[13] Cf. Mc 10,45.
[14] Cf. At 3,13.26; 4,27.30.

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